É da juventude a responsabilidade da mudança do estado social e económico de São Tomé e Príncipe (H1)?

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O II Fórum da Diáspora São-tomense: uma Governação Inclusiva?

Assistimos com atenção, a edição especial do programa “JOVEM QUER SABER” (24/12/2019), em que, durante 01h30 minutos entrevistou-se o Ex. Primeiro-Ministro, Dr. Patrice Emery Trovada e pudemos na sequência, observar que a dita reportagem obteve 9,7 mil visualizações, 532 comentários e 232 partilhas.

Em conformidade com as questões dissecadas chamamos o leitor à reflexão com vista a confirmar a hipótese (H1) descrita.

Os principais tópicos ligados à juventude são-tomense circunscrevem-se à (i) situação crítica da juventude; (ii) ausência ou falta de coragem da juventude;  (ii) aversão entre os jovens resultados da sua pertença e filhação  aos partidos políticos; (iv) débil poder de mobilização e de fazer acontecer por parte dos jovens; (v) inexistência de políticas de entretenimento para a juventude; (vi) débil poder de confrontação dos governantes face às soluções reais adequadas à situação crítica dos jovens; (vii) ausência de capacidade interventiva adequadas aos novos contextos; (viii) ausência de programas sistemáticos de fomento ao empreendedorismo jovem; (xi) consumo excessivo de álcool; (xii) existência de uma juventude espectadora; (x) ausência de programas de bolsas de estudo, entre outros. A partir do diagnóstico acima referenciado, procedeu-se a uma análise comparada entre alguns pontos com o relatório sobre as expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes são-tomenses (Unicef São Tomé e Príncipe, 2017).

  1. Ausência de política estratégica e inclusiva para a juventude, dado o que se tem verificado no país é uma substituição familiar de gerações, tanto no campo político como no campo profissional, ou seja, um conflito geracional;
  2. Reprodução de uma cultura de clientelismo e, por conseguinte, de mediocridade, em detrimento de uma cultura de mérito;
  3. A prática verificada pelos políticos clássicos da república, ao longo dos últimos 44 anos de independência de São Tomé e Príncipe. Sob desígnio “Terra de se safar”, ou “safa-se quem puder”, onde todos ambicionam ser políticos. Ou seja, em São Tomé e Príncipe há politiquices em detrimentos de política.
  4. Num país pequeno em que todos se conhecem e são parentes (Somos Todos Primos) há receio de uma verdadeira liderança, dado que os benefícios pessoais e familiares se sobrepõem aos interesses do coletivo;
  5.  A inexistência de espaços de lazer e de programas de utilização de tempos livres. Por isso, verifica-se um bloqueio relativamente à criatividade juvenil, visto que os governantes se apegam a coisas insignificantes;
  6. As associações são incompetentes. A falta de capacidade técnica e, sobretudo, capacidade de liderança, de definição de foco e prioridade nacional, independentemente de agendas globais. Normalmente, são criadas para satisfazer o interesse imediato de determinados indivíduos ao invés de resolver os problemas dos adolescentes e jovens. As associações, na sua maioria, buscam apenas o seu momento de fama, quiçá o do seu líder;
  7. Ausência de discussão e acompanhamento de políticas globais. Espera-se que a solução seja apresentada pelos organismos internacionais;
  8. Existência de pouca diversidade de programas de fomento ao empreendedorismo. Fala-se de empreendedorismo mais do que financiamentos;
  9. Pouca cultura de participação, dado que a maioria vive no limite da sobrevivência, deixando de lado, o espírito de coletividade;
  10. O ensino superior em São Tomé e Príncipe é dispendioso e seletivo;

O relatório per si, destaca os pontos a serem referenciados durante a entrevista. O Ex. Primeiro-ministro assevera que não há nenhum país que se avança sem trabalho, sem coragem e sem sacrifício que, no nosso entender, nenhum país avança sem a unidade, disciplina e trabalho que, por sinal é o lema do arquipélago. O ex-Primeiro-Ministro deixa claro que “se um jovem não tem a coragem, não é jovem. Se um jovem não tem o poder de  criticar, não é jovem.  O jovem é aquele que tem coragem, sacrifica-se, é ousado, é um antissistema…E, se se verificar um jovem à favor do sistema, este não é jovem”.

“Temos uma riqueza que são vocês os jovens…a juventude é uma riqueza… a juventude são-tomense tem que tomar que tomar consciência, eu ia dizer deixar de brincadeiras (sorrisos), a juventude têm que se tornar adulta, já que os adultos estão a se comportar como crianças malcriadas. Então, a juventude que se tornar adulta, tem de assumir um pouco mais, preocupar-se um pouco mais, estudar um pouco mais, perceber um pouco mais e agir…  (Ex. Primeiro-Ministro, Dr. Patrice Emery Trovada)

O então Primeiro-Ministro apela à unidade da juventude e à mobilização da juventude, fazendo oposição às políticas falhadas do(s) governo(s). No nosso entender, a ativação da juventude não passa pela simples sensibilização face aos ODS, marchas e ações de sensibilização e/ou na atribuição de diplomas. Mas, sim a preparação de uma geração com base nos valores e credibilidade, e isto sim, constituiria uma oportunidade de fazer frente aos políticos. 

CONFIRMAÇÃO DA HIPÓTESE H1. Face aos pontos atrás enunciados, podemos concluir que a juventude na modalidade em que se encontra não é o futuro de São Tomé e Príncipe, uma vez que, o ponto xi alega para a necessidade de se investir na educação. Basta observar o número dos estudantes que se deslocam para o estrangeiro e que não regressam ao país. Uma vez que o sistema educativo não permite que os jovens tenham domínio das áreas estratégicas de conhecimento para o desenvolvimento do arquipélago, contrariando o ditado, Conhecimento é poder.

Por isso, propomos uma reforma estrutural do país para num determinado horizonte, se possa garantir que todos os cidadãos logrem a oportunidade de uma vida com dignidade.

Adilson Barbosa Afonso Neto

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