Príncipe abdica de central de oxigénio para salvar vidas em S. Tomé

Enquanto isso, a central de produção da ilha do Príncipe ficará inoperante durante as próximas 3 semanas.

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Membros do Governo Regional do Príncipe

Há cerca de oito meses, que a central de oxigénio do Hospital Central Dr. Ayres de Menezes está inoperante. Desde então a central da ilha do Príncipe, segundo o Presidente do Governo Regional tem socorrido a ilha de São Tomé “com envios regulares de botijas de oxigénio”. Porém, pelo elevado fluxo de consumo durante os últimos dias, estas operações têm revelado insuficientes e levou o Governo Central a solicitar ao Governo Regional uma peça essencial para a Central de oxigénio de São Tomé.

Segundo o Director do Hospital Central, a peça enviada da ilha do Príncipe já foi instalada e a central do Hospital Central já está em funcionamento. Além disso, também chegaram esta quinta-feira à São Tomé 40 botijas de oxigénio hospitalar encomendadas de Gabaão pelo Governo. Enquanto isso, a central de produção da ilha do Príncipe ficará inoperante durante as próximas 3 semanas porque o Governo Regional decidiu ceder temporariamente, uma peça da central de produção de oxigénio da região para recuperar a central de oxigénio do Hospital Central Ayres de Menezes.

O Presidente do Governo Regional, Filipe Nascimento, disse que o empréstimo da peça é resposta a um pedido do governo central. “Em face ao alastramento galopante da situação epidemiológica da Covid-19 na ilha de São Tomé, o Governo Central, na pessoa do Sr. Primeiro-Ministro, solicitou ao Governo Regional a possibilidade de cedência temporária durante 3 semanas – que é o tempo da chegada da encomenda feita ao exterior do País – da peça “Booster” da Central do oxigénio da Região Autónoma do Príncipe para ser instalada na Central do oxigénio do Hospital Ayres de Menezes, o que levará a Central Regional a ficar inoperante”, frisou.

A abdicação do Governo Regional a favor da ilha de São Tomé acontece numa altura em que tanto o Hospital Central, particularmente a unidade dos sintomáticos respiratórios, como o Hospital de Campanha montado para acolher doentes da Covid-19 enfrentam escassez de oxigénio, o que tem posto em causa o tratamento de pacientes nestas unidades hospitalares.

O atendimento ao pedido do Governo Central para socorro da população da ilha de São Tomé não reunia consenso na ilha do Príncipe, por isso foi necessária a auscultação de diversos sectores da sociedade e política regional.

Segundo Filipe Nascimento, “considerando ter havido relutância de uma franja considerável da sociedade da Região Autónoma do Príncipe quanto ao envio da referida peça, o Governo Regional auscultou diversos setores da sociedade civil, quadros da saúde, partidos políticos, e deliberou pela cedência temporária da referida peça, mediante as condições escritas assumidas pelo Governo Central de devolução da referida peça encomendada no prazo de 3 semanas e assumindo o compromisso de abastecimento regular de oxigénio ao Hospital Regional durante o referido período”.

O Presidente do Governo Regional acrescentou que a ilha e os irmãos do Príncipe não resignar-se-iam em atender a “um pedido para salvar vidas humanas, sobretudo, tratando-se de um Estado Unitário, atendendo às razões humanitárias e em solidariedade para com a população irmã residente na Ilha de São Tomé”.

Em 2016, com o apoio do Estado Japonês, o então governo liderado por Patrice Trovoada inaugurou as duas centrais de produção de oxigénio hospitalar (uma na ilha de São Tomé e outra na ilha do Príncipe). Duas unidades que, na altura e por algum tempo, puseram fim a um longo problema de escassez deste produto hospitalar fundamental para o salvamento de vidas no país.

Antes das centrais de produção, São Tomé e Príncipe importava, principalmente de Gabão, várias botijas de oxigénio hospitalar. Importação que, segundo dados do Ministério da Saúde, custavam ao governo cerca de 100 mil euros por ano.

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