Ex-PR Fradique de Menezes nega ter denunciado Governo de Bom Jesus no caso arroz do Japão

“Foi uma declaração política numa reunião que normalmente é à porta fechada no decorrer da qual cada participante goza da liberdade de expressão,” refere o ex-presidente da República em comunicado de imprensa.

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FRADIQUE MENEZES EX-pr

O ex-presidente da República Fradique de Menezes negou que tivesse denunciado o Governo nas declarações que fez sobre o caso de comercialização do arroz do Japão, que levaram o Ministério Público a realizar “buscas e apreensões” nas instituições governamentais. 

“As declarações que pronunciei na reunião do Conselho Nacional da união MDFM-UDD, como presidente honorário desta força política e também como presidente fundador do partido MDFM, não foram feitas, de maneira nenhuma como uma denúncia ao Governo do senhor Dr. Jorge Bom Jesus”, refere o ex-chefe do Estado, em comunicado distribuído à imprensa, datado de terça-feira.

Fradique de Menezes refere que as suas declarações foram gravadas “clandestinamente” e esclarece que as mesmas “foram feitas com objetivo de alertar a união MDFM-UDD para um melhor trabalho a ser feito junto aos seus militantes e também serem mais críticos à ação governativa”.

“Foi uma declaração política numa reunião que normalmente é à porta fechada no decorrer da qual cada participante goza da liberdade de expressão, pois não estamos num regime ditatorial como talvez os autores dessa campanha-folclore que se desenrolou durante toda a semana passada gostariam que fosse”, lê-se na nota.

O ex-presidente expressou “solidariedade” a Jorge Bom Jesus “com o que tem vindo a fazer para o bem do povo são-tomense”.

“Exorto-o, senhor primeiro-ministro, que tenha ainda forças para continuar a fazê-lo até ao fim do mandato do seu Governo. Em 2022, o povo terá a ocasião de voltar a pronunciar-se sobre aqueles a quem pretenderá confiar a governação do país”, acrescenta.

Durante o Conselho Nacional do MDFM-UDD o antigo chefe de Estado revelou que os partidos da ‘nova maioria’ criaram uma “firma chamada ‘Capa’ por causa do arroz do Japão”, oferecido por aquele país para constituição de um fundo para financiamento de projetos sociais, incluindo o processo eleitoral em São Tomé e Príncipe.

Segundo Fradique de Menezes, os partidos da ‘nova maioria’ acordaram que a empresa fosse constituída por um representante de cada cor política no poder, nomeadamente do MLSTP, PCD e ele próprio, pela união MDFM-UDD, e “havia um contrato assinado”, mas que foi suspenso na segunda comercialização que se iniciou “uns meses antes das eleições presidenciais” de 2021, sob indicação do primeiro-ministro e do líder parlamentar do MLSTP/PSD, “para que o candidato do MLSTP [Posser da Costa] ganhasse”.

Na terça-feira, o secretário de Estado do Comércio, Eugénio Graça, assegurou que a suspensão do acordo com a empresa Capa “não tem nada a ver com questões políticas” como referiu o ex-presidente Fradique de Menezes, “mas sim por questões de incumprimento na comercialização” uma vez que a empresa Capa fazia venda do arroz a retalho em violação a cláusulas do contrato.

O secretário de Estado disse ter sido uma “coincidência” o facto de as três empresas que formaram a sociedade Capa pertencerem a membros dos partidos da ‘nova maioria’ no poder.

Sobre as buscas e apreensão de documentos do processo do arroz por parte do Ministério Público no seu gabinete e na Direção do Comércio, Eugénio Graça referiu que o Governo “não deve comentar casos que estejam sob a alçada da justiça”.

“Deixemos a justiça fazer o seu trabalho e estamos aqui para colaborar e esclarecer todos os factos, de consciência totalmente tranquila”, precisou.

Na quinta-feira, o partido da oposição Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista (MCI/PS), com dois eleitos no parlamento, instou o Presidente da República a demitir o primeiro-ministro e o Ministério Público a investigar a “denúncia muito grave” de Fradique de Menezes.

Por sua vez, a Ação Democrática Independente (ADI), maior partido na oposição são-tomense, anunciou que vai apresentar queixa-crime ao Ministério Público sobre a venda do arroz do Japão envolvendo três partidos da coligação no Governo.

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