Jovem de 21 anos detido sob suspeita de violar mais de 10 vítimas, maioria entre 11 e 15 anos

“Ele usava facas e às vezes pedras para amedrontar e para conseguir promover os seus atos”, explicou a ativista da SOS Mulher.

País -
Polícia Nacional

 A Polícia Judiciária (PJ) apresentou hoje ao Ministério Público um homem de 21 anos suspeito de tentativas e violação de mais de 10 vítimas, a maioria entre 11 e 15 anos.

O homem foi detido na quinta-feira em flagrante delito pela população, quando tentava atacar mais uma vítima que fugiu aos gritos provocando um ajuntamento popular.

A Polícia Nacional foi chamada ao local para oficializar a detenção, tendo encaminhado o caso hoje à Polícia Judiciária, que apresentou o suspeito ao Ministério Público para o primeiro interrogatório.

Os familiares de pelo menos oito das alegadas vítimas concentraram-se junto às instalações do Ministério Público em protesto, enquanto decorria o interrogatório.

“Uma criança não pode ir lavar prato, uma criança não pode ir para nenhum sítio porque criminoso está na rua, porque o Estado está a proteger. Quando saem na televisão têm que pôr panos para não se ver cara deles: O Estado é que está a procurar que estejam a matar pessoas e a violar crianças em São Tomé”, gritava a mãe de uma das crianças alegadamente violadas pelo suspeito.

A vice-presidente da Associação SOS Mulher, Jessica Neves, que acompanha as vítimas de abuso sexual e violação no país, disse à RSTP que o suspeito “tem estado a violar adolescentes e senhoras desde janeiro”.

“Ele usava facas e às vezes pedras para amedrontar e para conseguir promover os seus atos”, explicou a ativista.

O diretor da Polícia Judiciária, Samuel António confirmou o caso à RSTP e avançou que “ainda há mais vítimas que não apresentaram queixas”.

Depois do primeiro interrogatório o suspeito ficou detido na Polícia Nacional devendo regressar ao Ministério Público na segunda-feira para voltar a ser ouvido.

 A vice-presidente da SOS Mulher afirmou que tanto organizações da sociedade civil como as pessoas consideram que “há um descrédito na justiça” porque a associação tem acompanhado “vários casos que, principalmente, quando não é flagrante delito, as pessoas [acusadas] são colocadas em liberdade”.

“Os familiares estão cá para testemunhar se ele vai mesmo ser detido. Estão bastante revoltados porque acham que o Estado não tem ajudado muito nesse processo de combate à violência sexual”, justificou, Jessica Neves, perante o facto dos familiares de pelo menos oito das alegadas vítimas permanecerem junto ao Ministério Público enquanto decorria o interrogatório do suspeito.

O Ministério da Justiça promoveu no ano passado uma formação em medicina legal para um grupo de profissionais da saúde e da investigação criminal no sentido de facilitar a realização de exames periciais nos processos de violação ou abuso sexual, mas segundo Jessica Neves, não houve mudanças significativas.

“Até há pouco tempo, no hospital nada mudou […] o que sei que mudou é que os médicos tentam ter maior disponibilidade para realizar estes exames, mas continua quase na mesma porque são muitos casos e eles são poucos, então nós temos casos há meses a espera deste exame”, disse a líder da SOS Mulher.

Jessica Neves considera ainda que há “uma exposição muito grande” das vítimas durante todo o processo desde a denúncia até ao julgamento.

“Elas têm que ir para o hospital, têm que ir prestar declarações na polícia, tem que ir prestar declaração no Ministério Público, depois tem a parte no tribunal e sabe-se como é em São Tomé: todo mundo está cá, todo mundo olha, todo mundo vê quem é a vítima”, explicou.

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