Governo demitiu diretor acusado pelos trabalhadores de gestão danosa da ENAPORT

Segundo o representante sindical, o próprio ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais, Osvaldo Abreu, fez a apresentação da “equipa que vai fazer a coordenação do porto, se calhar até ao fim do mandato se tudo correr bem”.

País -
MANUEL DIOGO

O Governo são-tomense demitiu o diretor-geral da Empresa Nacional de Administração dos Portos (Enaport), Manuel Diogo, acusado de gestão danosa pelos trabalhadores, e nomeou uma nova equipa de coordenação, liderada por Olinto das Neves, apurou a RSTP de fonte governamental.

“Para clarificar as acusações e retomar o regular funcionamento da empresa, o Governo decidiu afastar o diretor Manuel Diogo”, precisou a fonte oficial do executivo são-tomense.

Os trabalhadores da Enaport paralisaram os serviços na semana passada e exigiram a demissão imediata da direção da empresa, que acusaram de ilegalidades e gestão danosa.

“O problema principal nós sabíamos que estava no diretor-geral, porque era ele que estava sempre contra tudo […] e não tinha essa capacidade de escutar opinião até dos elementos que faziam parte do corpo diretivo”, disse RSTP o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Enaport (Sinaport), Adelino Silva.

Segundo o representante sindical, o próprio ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais, Osvaldo Abreu, fez a apresentação da “equipa que vai fazer a coordenação do porto, se calhar até ao fim do mandato se tudo correr bem”.

No entanto, Adelino Silva explicou que o antigo diretor financeiro e o diretor técnico continuam na nova equipa de coordenação, mas sob supervisão de novos coordenadores dos respetivos setores indicados pelo Governo em consenso com o sindicato.

“De tudo isto nós conseguimos 50% e o Governo conseguiu 50%, porque temos também as nossas representações dentro da equipa que faz parte do corpo da coordenação da Enaport, sendo um representante direto dos trabalhadores que fará parte de todas as reuniões do conselho da direção e mesmo ao nível do ministério para que as coisas todas estejam com a transparência possível”, adiantou o presidente do Senaport.

O líder do sindicato congratulou-se com a decisão do Governo e anunciou que os trabalhos foram retomados com normalidade na segunda-feira.

“Nós entendemos que no mínimo as garantias que nós precisávamos ficaram feitas, então não havia problema nenhum de nós aceitarmos tudo quanto foi a negociação e todos os trabalhos já estão abertos tanto em São Tomé como na ilha do Príncipe”, assegurou Adelino Silva.

Na sexta-feira, o Sinaport acusou a agora ex-direção da Enaoport de ter cometido “várias atrocidades” e de “arrogância”, tendo defendido que já não tinha “pernas para andar” face “às situações da gestão danosa que criaram dentro da instituição”.

“Quando essa gestão entrou, encontrou três rebocadores que embora velhos, todos funcionavam. Hoje os três rebocadores estão mortos e a direção da empresa está a praticar a ação de alugar um rebocador de um terceiro a pagar 40 mil euros mensais”, disse Silva.

Outra acusação apontada pelo líder sindical é que “essa direção alugou as suas próprias viaturas à Enaport no valor de 35 dólares [32,5 euros] diários por cada viatura dos diretores”.

O antigo diretor negou as acusações apontando que trata-se de motivações políticas.

“São falácias e entende-se que nós estamos num período eleitoral e é normal que a atitude seja essa, porque o sindicato tem outros mecanismos que deveriam ser um caderno reivindicativo e um série de coisas que deveriam fazer”, respondeu, na semana passada, Manuel Diogo.

O ex-diretor da Enaport disse que quando assumiu a direção da instituição há três anos, “a Enaport estava numa situação de falência”  e que “até os salários eram pagos com empréstimos, recorrendo ao banco” e existia uma dívida avultada com a Segurança Social, além de outros problemas, mas tudo isso foi resolvido nos três anos do seu mandato.

Últimas

Topo