Estudantes e policiais são-tomenses na Rússia “estão a sofrer” sem bolsa do Governo

“Os estudantes, mesmo sem esse problema atual [da Guerra] têm vindo a ter muitas dificuldades devido ao pagamento irregular e tardio do Governo”, explicou o presidente da AESTP, Moscovo, Ricardino de Ceita, em entrevista exclusiva à RSTP.

Educação -
Estudantes são-tomenses na Rússia

Cerca de 45 estudantes, incluindo 12 policiais, são-tomenses na Rússia estão a passar por diversas dificuldades, incluindo a falta de alimentação, devido a falta de pagamento da bolsa de estudos por parte do Governo são-tomense, segundo representantes da associação estudantil.

“Nós estamos a passar mal, nós estamos a sofrer e nós apelamos uma posição do nosso Governo do nosso país quanto a esta situação”, apelou o presidente da Associação dos Estudantes de São Tomé e Príncipe (AESTP), na Rússia, Ricardino de Ceita.

Segundo o líder estudantil, inicialmente o Governo são-tomense comprometeu-se em atribuir uma bolsa de 250 dólares mensais, mas decidiu aumentar o valor para 350 dólares mensais que deveriam ser pagos em cada três meses.

“Porém este acordo não é cumprido. Por ano, muitas vezes o Governo só paga uma vez, no máximo, duas vezes. Os estudantes, mesmo sem esse problema atual [da Guerra] têm vindo a ter muitas dificuldades devido ao pagamento irregular e tardio do Governo”, explicou o presidente da AESTP, Moscovo.

Com o surgimento da guerra entre a Rússia e Ucrânia, as dificuldades dos estudantes na Rússia aumentaram, sobretudo pelo bloqueio dos sistemas financeiros de transferências internacionais. No entanto, os estudantes afirmam ter apresentado atempadamente uma alternativa de transferências através de um cidadão, mas ainda assim o Governo fez o pagamento corresponde a apenas um mês, e com o aproximar do fim do ano os estudantes exortam “que o Governo regularize o pagamento, que cumpra o acordado”.

“Esta bolsa não é justa, não vem a tempo e demora muito tempo para que o Estado faça o seu pagamento, ou seja, para que o Estado cumpra com suas obrigações”, disse Ricardino de Ceita em entrevista exclusiva à RSTP.

“Todos os estudantes têm as suas dificuldades […] mas nós acreditamos que essas dificuldades seriam mais facilmente ultrapassadas se houvesse apoio devido do Estado são-tomense, se houvesse aquele processo de acompanhamento estudantil e também se houvesse o cumprimento das obrigações que o Estado são-tomense firma com qualquer estudante bolseiro que sai do país para seguir a sua formação superior no estrangeiro, particularmente na Rússia por ser um país diferente a que os estudantes são-tomenses estão habituados”, acrescentou  presidente dos estudantes são-tomenses em Moscovo, Rússia.

Ricardino de Ceita defendeu ainda que “é importante que o Governo, em matéria de acompanhamento estudantil, esteja mais presente”.

“Muitas vezes nós endereçamos cartas, endereçamos petições, [mas] nós não temos resposta da ministra. É triste, lamentável, mas a ministra nunca teve uma reunião nem que seja online, connosco para nos ouvir”, lamentou.

Sem respostas do executivo, o desespero tem tomado conta dos estudantes são-tomense que se encontram num país em guerra e sob sanções internacionais que impossibilitam até o enviou de ajudas por parte de familiares e amigos.

“Os estudantes têm uma série de dificuldades, desde dificuldades alimentares até os problemas escolares como por exemplo, o pagamento do seguro médico, o pagamento da casa, entre outros”, explicou Ricardino de Ceita, afirmando que “o Estado está a par da situação”, mas “têm feito muito pouco para solucionar os problemas dos estudantes” na Rússia.

Em situações ainda mais difíceis encontram-se cerca de doze jovens da Polícia Nacional que se encontram na Rússia ao abrigo da cooperação com o Ministério da Justiça, Administração Interna e Direitos Humanos, recebendo “apenas 20 dólares” mensais do governo russo, sem bolsas do Governo são-tomense.

“A transferência que foi feita, só foi para os estudantes do ministério da Educação […], mas o nosso [caso], até agora não há nenhuma luz verde”, explicou os dos policiais são-tomenses estudante na Rússia, Vanderey Mendes.

Estes afirmam que escreveram mais de dez cartas às chefias policiais em São Tomé e ao Ministério tutelar, mas não tiveram solução para a situação.

“Nós já conversamos com a nossa instituição, já demos todos os contactos, todos os meios legais de fazerem isso com pessoa legal, a nossa instituição levou isso para o Ministério, agora o Ministério está a dar tanta volta porquê, sabendo que já têm a pessoa que pode nos ajudar com a transferência? Qual é o medo? Eles querem que alguma coisa pior aconteça connosco?”, questionou o estudante policial, Edney Afonso.

“Sabemos que esta entrevista pode ter consequências, mas tivemos que fazer isso. É o único meio que nós conseguimos de fazer o nosso ministério ou o Governo resolver o nosso problema”, afirmam.

A cerca de uma semana também os estudantes são-tomense no Brasil reclamaram o pagamento da bolsa e estudo por parte do Estado são-tomense para fazerem face as inúmeras dificuldades.

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