Lamentos, músicas e danças no enterro e adeus ao ‘General’ João Seria

“Sempre foi um grande humanista. Eu nunca ouvi ao longo de toda a carreira musical do João Seria que ele tivesse tido alguma querela, disputa ou uma zanga com alguém. Sempre ouvi João Seria apelar à paz, vamo-nos unir”, sublinhou o Presidente são-tomense.

Cultura -
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Centenas de populares, cantores, governantes e familiares prestaram hoje o último adeus ao cantor são-tomense e vocalista principal do conjunto África Negra, ‘General’ João Seria, que foi hoje enterrado em Santana, num ambiente misto de lágrimas, músicas e danças.

O ato fúnebre começou pela manhã com a transladação da urna da morgue do hospital central para as instalações da Assembleia Nacional, na capital são-tomense, onde o corpo ficou em câmara ardente durante algumas horas, com alguns dirigentes do país a assinarem o livro de honra.

O Presidente da República, Carlos Vila Nova, a presidente da Assembleia Nacional, Celmira Sacramento, e vários membros do Governo prestaram homenagem ao cantor são-tomense, que foi encontrado na quinta-feira sem vida na sua residência em Santana.

“Sempre foi um grande humanista. Eu nunca ouvi ao longo de toda a carreira musical do João Seria que ele tivesse tido alguma querela, disputa ou uma zanga com alguém. Sempre ouvi João Seria apelar à paz, vamo-nos unir”, sublinhou o Presidente são-tomense.

Funeral: General João Seria

Em nome do Governo são-tomense, a ministra da Justiça, Administração Pública e Direitos Humanos, Ilza Amado Vaz, defendeu que todos têm que “contribuir para o país” e neste sentido “reconhecer o esforço que cada cidadão faz para levar o nome do país para o resto do mundo”.

“É um momento de tristeza, de pesar e que a memória do ‘General’ João Seria seja preservada para sempre e que o feito ajude também os outros a pensarem e agirem em nome do país, e que cada uma lá onde está possa levar o país para um palco maior”, disse Ilza Amado Vaz.

No período da tarde, a urna fúnebre foi transportada por elementos das Forças Armadas para a residência de João Seria, na cidade de Santana, no distrito de Cantagalo, num ambiente de muitas lágrimas e emoções.

O corpo foi depois transportado para a Igreja de Santana, onde foi celebrada a missa de corpo presente e depois lavado ao cemitério local para o enterro.

Na cidade de Santana e em frente ao cemitério, após o enterro, a Banda Relíquia reuniu alguns dos antigos elementos do conjunto África Negra e outros músicos são-tomenses, que interpretaram várias musicas do ‘General’ João Seria, proporcionando momentos de animação aos populares que recordavam o lado festivo e animador de João Seria.

“João Seria foi um volante muito grande das músicas de São Tomé e Príncipe, levou o bom nome de São Tomé e Príncipe, das músicas, da nossa cultura para muito longe, para além fronteira”, sublinhou o cantor e fundador da Banda Relíquia, Zé Sardinha.

Também o cantor ‘Garrido’ sublinhou que o ‘General’ João Seria tinha “uma voz inesquecível, uma voz que deixou marca, uma voz para dar instrução aos outros, aos novos músicos para não deixarem a história de São Tomé perder”, recordando que poucos músicos da sua geração ainda estão vivos.

Funeral: General João Seria

O presidente do Governo Regional da ilha do Príncipe, onde João Seria fez a sua última apresentação na semana passada, também se deslocou a São Tomé para prestar a última homenagem ao cantor.

“Queremos lamentar esta perda para São Tomé e Príncipe, dar toda a força à família, aos nossos fazedores da cultura e dizer que nos cabe agora preservar o legado de João Seria, continuar essa luta para que a nossa cultura continue a ser o nosso cartão de visita e nunca mais esquecermos o João Seria”, disse Filipe Nascimento.

Gabriel João, conhecido na música como ‘General João Seria’, tinha mais de 50 anos de carreira na música, que iniciou nos anos 1960, na ilha do Príncipe, no conjunto Cabana, passando pelo ‘Sangazuza’ e África Negra, do qual foi vocalista principal, e fez vários concertos internacionais, tornando-se num dos maiores nomes da música são-tomense.

O cantor e compositor são-tomense, que nasceu em 01 de setembro de 1949, foi encontrado sem vida na quinta-feira, na sua residência em Santana, distrito de Cantagalo, adiantou à Lusa fonte familiar, que disse desconhecer a causa da morte.

João Seria é filho de mãe são-tomense e pai angolano. Fruto de uma forte amizade com o músico angolano Yuri da Cunha, o cantor esteve mais de 20 vezes em concertos em Angola.

Com o conjunto/banda África Negra, João Seria deu voz a grandes sucessos musicais, destacando-se as músicas “Aninha”, “Carambola”, “Maia Muê”, entre outras.

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