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Disse EMAE haja luz e Tomé duvidou

Muitos apelam pela privatização da EMAE, como se privatização fosse o sinónimo de eficiência. Alguém ainda se lembra de PAE e os seus critérios clientelísticos que levaram empresas antes estatais ao buraco?! Também o contrário não é necessariamente verdade. O que incomoda é a ausência quase mística da energia elétrica que tem convertido tantos. Essa gente supersticiosa como eu que antes de chegar em casa reza para ter um mínimo de luz para o banho e dez minutos de jantar… e claro, encontrar o laptop carregado.

A sociedade é neurótica, contudo, não carece de explicações autoevidentes. Imaginem senhores, após um dia repleto de afazeres e trabalhos pesados, por volta das 18 horas chegam em casa, não tem eletricidade, até a água na geleira está quente, mais para forno que outra coisa qualquer. Nada de televisão, nem ventoinha ou ar-condicionado poderão ser ligados. Agora, é o calor da madrugada e decidem abrir janelas: entram moscas, vento quente, cheiro de gasolina queimada e o barulho infernal dos motores dos teus vizinhos “burgueses”…

 

Nesse momento, começam a lembrar todos os mantras do budismo, sobre a tranquilidade e poder ser grato pelo que já têm. Ao menos estou numa cama, poderia estar na faixa de Gaza esquivando de bombas israelitas. Grato, Amém. Com isso, faço um exercício santola de inveja premeditada… decido sair para ir aos bares… garanto que de lá volto sempre mais feliz. Porquê? – tem pessoas tragicamente mais prejudicadas que eu, grato!

 

O primeiro trabalha na hotelaria, o gasto para manter o gerador funcionando para apenas um cliente ou dois, afinal, … pandemia irmãos.  Mas lembro do meu carro na oficina, o pintor precisa ser um Picasso em poucos momentos de eletricidade que a Santa EMAE brinda-nos. Pior que isso, a função pública parada, os documentos não podem ser feitos para os que precisam tanto. Grato, não preciso dos documentos! Os restaurantes trabalham à gerador, e claro, não podem alterar o preço embora os custos sejam exorbitantes. Penso no investidor não local que leu os relatórios sem ter ido ao Google procurar entender sobre a nossa mãe EMAE, está lixado. Grato!

 

Mas a mãe EMAE nunca foi a solução e tão pouco o problema. Sinto que usam a simplicidade de Morgan Freeman, “basta parar de falar do problema da EMAE que teremos eletricidade diariamente!” Nenhuma explicação é clara, quando há. Na maior parte do tempo duvidar da EMAE já é uma ofensa em si. Não faz muito tempo que os diretores da instituição tentaram nos convencer da existência de uma terra fértil de gasóleo onde os locais lá iam para garimpar … não sou geólogo, somos abençoados pela terra rica em gasóleo, só não sei porque importamos se podemos extrair já refinado do solo, Grato!

 

Por fim, o que não falta são mitos e desinformações. Cada vez que o diretor se esconde no seu castelo de areia, ouvimos justificativas vindo de toda parte. Uma hora é a peça, na outra a manutenção não dada, depois camisolas no filtro, teorias de conspiração sobre as eleições amaldiçoadas… depois surgem as contagens estranhas de voto às escuras e… bem, melhor focar no que já temos: paz, medo, silêncio dos oprimidos, monopólio da verdade, aliás, é tudo a mesma coisa. Grato! Desculpem a minha inveja! Esperando mais um apoio em silêncio dos meus irmãos de cruz, alguma falsidade também faz parte, afinal,  têm família para sustentar, Grato! Namastê!!

 

 

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