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O meu país hoje: Jorge Bom Jesus – Uma fraude permanente

Ninguém tem hoje na sociedade santomense a mínima dúvida de que todos os índices que medem o desempenho do governo e consequentemente do desenvolvimento do país deterioram-se súbita e dramaticamente. De todas as bocas saem o mesmo refrão: ‘’o país piorou’’.

O que é deveras preocupante é que apesar desta realidade incontornável, visível a partir de qualquer ponto do país e das incessantes lamentações, nem o governo, nem os seus líderes, mas nem tão pouco os partidos que sustentam a governação querem reconhecer esta evidência e persistem nas suas práticas suicidárias. Não dão sinais de abrandamento do seu ímpeto e muito menos dão sinais de um desejo de mudança de rumo.

Neste particular, é justo e pertinente reconhecer que o MLSTP tem uma responsabilidade maior e mais cedo do que tarde os seus líderes, mas igualmente os seus militantes numa dimensão menor, terão de assumir e pagar o preço. É evidente que o PCD já não existe como partido político, capaz protagonizar um projeto político de governação e congregar as massas, sendo hoje apenas retalhos de um passado que não chegou a ser glorioso. Contrariando a pouca visibilidade do partido e influência no país enquanto força política portadora de ideias, valores e ideais, é digno de registo o papel ‘’nocivo’’ do seu líder Delfim Neves ao nível das instituições da República, resultado de um patético e imperdoável erro de puberdade deste MLSTP, que o guindou à posição de presidente da Assembleia Nacional. Para além de um passado pleno de ilícitos, cujos processos amontoam-se na Procuradoria Geral da República e nos tribunais, o homem corrompe, prevarica, perverte, enfim, viola alegre e impunemente valores, regras e princípios constitucionalmente estabelecidos, o que atenta perigosamente contra a nossa existência coletiva e o futuro do nosso país.

Neste quadro, o MLSTP é uma pálida sombra de si mesmo, sem política, sem visão, sem estratégia, sem programa e, sobretudo, sem capacidade de liderança, suscetível de produzir novas ideias, valores, unir os santomenses e propor-lhes um outro destino que não seja a apocalipse para a qual nos dirigimos impiedosamente. A liderança do partido foi açambarcada por um ‘’bando’’ de arrogantes adolescentes, que nada mais move senão a condenação dos ‘’velhos e antigos do partido’’, o instinto de vingança, perseguição e una inédita ganância a que nada, absolutamente nada, satisfaz.

Indubitavelmente, o país acorda cada dia pior do que no dia anterior e caminha inexoravelmente para a sua autodestruição. Uma erosão sem precedentes do que ainda restava dos valores éticos, sociais e morais. O país parece ter voltado ao estado de natureza. O roubo à luz do dia dos bens públicos, venda de jardins públicos a estrangeiros, a violência privada, mas também policial, a preguiça, a delação e a incompetência tornaram-se valores sublimes da República.

A carta do Dr. Carlos Tiny e Dr. Fernando Silveira e a suposta prestação de contas do governo, relativa às despesas de combate ao COVID-19, são duas faces de uma realidade caótica. A carta constitui uma evidência, sem rodeios, nem ambiguidades, a natureza intrínseca de um governo que não é capaz de gerir processos simples, mobilizar os recursos disponíveis, que não tem noção de risco, que não se preocupa com a defesa e a segurança sanitárias da população, que não admite opinião diversa e está disposto a levar até as últimas consequências o que pensa, melhor dito, o que lhe vem à cabeça, mesmo perante provas de erros e falhas gravíssimos. Do outro lado, uma natureza que não se constrange, mesmo perante a miséria e o sofrimento do povo, disposta a enriquecer à custa alheia, não olhando para as consequências. O governo revelou-se ardil e eficaz na montagem de um mecanismo para ‘’gastar dinheiro’’ e absolutamente ineficiente e ineficaz na construção de um sistema nacional de defesa contra o COVID-19, tornando-se abertamente cúmplice dos sucessivos roubos aos materiais, equipamentos e medicamentos doados ao país.

Quando se afasta um pouco deste antro de corrupção que é hoje o próprio governo, capitaneado por Jorge Bom Jesus e Osvaldo Abreu , este que sem pejo nem receio realiza obras publicas sem concurso, adjudicando obras as empreses sem qualificação técnica nem material, e se olha para o país, compreende-se facilmente que três fatores maiores impactam sobre o país e impedem o seu normal desenvolvimento. Por um lado, uma forte ação predatória dos membros do governo e de quase todos aqueles que gravitam à sua volta, aproveitando, naturalmente, os funcionários subalternos que gravitam à sua volta as oportunidades que se lhes oferecem nesta selva, onde não há regras. Pois, embora a corrupção já faça parte do país, jamais foi tão generalizada, vulgarizada, aceite e compreendida. Não há limites. Todos roubam descaradamente. Tudo se rouba porque os tribunais se vendem ao desbarato e as sanções são clementes ou nunca chegam.

Em segundo lugar, o país tem uma direção autoritária e ‘’semi-ditatorial’’. Um governo que limitou drástica e objetivamente a liberdade de expressão, limitando os canais de comunicação aos média públicos que gere com mãos de ferro, sujeitos à uma censura, que só tem de paralelo o período áureo do partido único. O governo não admite gritos, lamentações, críticas ou incómodos opinativos de qualquer natureza. A TVS e a Rádio Nacional foram convertidos em instrumentos de linchamento social e de assassinato de carácter, onde os que ousam descordar são silenciados.. Quando tal não é possível, são pura e simplesmente ostracizados.

Os tribunais foram transformados em meros instrumentos de concretização das políticas ditatoriais e persecutórias do governo. Perseguem e condenam os adversários. Enquanto isso, são complacentes com aqueles que roubam o património publico. O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e alguns seus colaboradores direto, implicados declaradamente nos atos de corrupção, outros roubam os bens doados pela comunidade internacional para ajudar a combater o novo coronavírus. Não há, pois, dúvida alguma que os tribunais albergam hoje uma mão cheia de corruptos notórios, que vai da primeira instância ao supremo tribunal de justiça.

É justo reconhecer que o Estado e as suas instituições encontram-se numa fase de pré-falência, incapazes de garantir as funções básicas do Estado, como conceber e executar políticas públicas, garantir a ordem, a segurança de pessoas e bens, garantir a saúde, a educação e a justiça.

Mas, nada disso acontece por acaso. Temos um Primeiro Ministro ‘’crú’’, como se diz na gíria popular. Não domina os princípios e as regras básicas de gestão de um estado, não tem carisma, não tem opinião própria, andando sempre a reboque daqueles que o rodeiam, designadamente do Delfim Neves e dos seus principais ministros. Perdido na sua função, todas as suas intervenções estão envoltas numa retórica exageradamente prosaica, repetitiva e absolutamente desconectada com a realidade. Nunca sabe de nada, protege, fomenta e defende os corruptos, sendo hoje um destacado membro do clã que dirige o sector da corrupção no país.

Pelo seu comportamento, fica absolutamente claro que Jorge Bom Jesus não tem ‘’tarimba’’ para gerir um partido com a história e a dimensão do MLSTP, nem tão pouco um país. A revolta no seio das populações vai em crescendo, bem como no seio do partido, onde inúmeros dirigentes e militantes dão sinais de descontentamento e ameaçam organizar formas de sua destituição. Este sentimento é tanto mais forte, quando se sabe que o Delfim Neves, que pretende candidatar-se a presidente da República, comprou os seus favores e Jorge Bom Jesus prometeu fazer do mesmo candidato do MLSTP a essas eleições, privando o partido de um candidato genuíno, mais competente, mais consensual e laços com a corrupção. Na verdade, Jorge Bom Jesus hipotecou o partido e a debandada já teve o seu início, com sérias consequências para os próximos pleitos eleitorais.

Sua Excelência Senhor Presidente da República não deixa ter a sua quota parte de responsabilidade, sendo ele o guardião das instituições. As afrontas dirigidas contra si por Jorge Bom Jesus, a sua falta sistemática de lealdade, a forma desastrosa como conduz os destinos do país, particularmente, da pandemia do COVID 19, o modo como lida e participa na corrupção, uma perseguição sem precedentes aos adversários e o cerceamento desnecessário da liberdade do comércio e de expressão, são motivos suficientes para decretar a sua demissão e o apear. Permitir que o Jorge Bom Jesus continue à frente dos destinos do país, constitui uma circunstância agravante do crime de omissão dos deveres aos quais Sua Excelência Senhor Presidente da República está constitucionalmente vinculado, pondo em causa a sua própria responsabilidade política, mas igualmente criminal. Das incúrias do Jorge Bom Jesus resultaram atos manifestos de corrupção, delapidação de bens públicos, danos morais e materiais, ofensas físicas a pacatos cidadãos, perda desnecessária de rendimentos e até mesmo, morte. O ministério Público e a Assembleia Nacional não podem deixar de ser interpelados para investigar e apurar a gravidade destes atos e o grau de participação de cada agente e a sua devida inculpação. Aos militantes do MLSTP, se nada for feito para substituição do governo de MAU Jesus, todo o projeto do MLSTP, fica comprometido e o Mau jesus e Osvaldo de Abreu sairão como sempre, com uma conta bancaria choruda e todos militante na miséria, e nas próximas eleições o partido pagara uma pesada fatura

Os dados estão lançados. Permanecendo as coisas no estado em que se encontram, não será para ninguém surpresa, o descalabro, o caos, o retrocesso e anarquia.

São Tomé, 15 de junho de 2020

Adelino R. Isidro

(Militante do MLSTP)

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