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O que importa é ser importante

Muitos acreditam veementemente que “Jesus de Nazaré” nasceu no dia 25 de dezembro, tanto é que essa data é comemorada em quase todo mundo, o chamado “Natal”. Esse tema alista-se num debate sensível, polémico, complexo, porém infindável, tendo em conta que a discrepância se encontra centralizada no facto de muitos comemorarem o “natal” por uma questão tradicional ou cultural, sem saber o porquê da comemoração. A despeito da ausência do versículo bíblico que legitima a data, inúmeras pessoas vinculam o dia 25 de dezembro ao nascimento de “Jesus de Nazaré” como sendo uma verdade absoluta, talvez por ter sido precursado pelas entidades divinas? Ou simplesmente porque faz parte da nossa crença desde que nos conhecemos como “gente”? Isso é uma demonstração irrefutável de que a raça humana é nativamente propensa aos festejos.

Todavia, nesta linha de pensamento, o que motiva a minha escrita, é falar do “natal individual”, ou melhor, a data do aniversário que a grande maioria das pessoas comemoram no dia do mês em que nasceu.

Porquê que comemoras o teu aniversário? Como um meio de agradecer à “Deus” por mais uma primavera? Ou é por uma questão da tradição ou da ética?

Deste modo, muitos não comemoram simplesmente por não possuírem o hábito, ou por uma questão de crença, seja ela religiosa, social ou até mesmo familiar.

Certo dia um senhor me disse: _” porquê que eu hei-de comemorar 1 ano a menos de vida? Isto é, 1 ano a menos com as pessoas que eu amo e sobretudo, 1 ano a menos para correr atrás da dádiva mais preciosa. Pois, a idade quando aumenta você aproxima-se mais da velhice e consequentemente da morte”. Ele quis dizer que o aniversário não é uma razão para comemorar, pelo contrário, deveríamos ficar tristes, porque aproximamos mais ainda da morte.

Permita-me trazer um ponto de vista pessoal, porém partilhado por muitos. Com a modernização e novas tecnologias o conceito de “aniversário” tem ganhado outras percepções que muitos consideram como sendo positivas e outros nem tanto. Durante alguns meses de reflexões eu pude obter uma percepção que julgo ser intermediária entre as percepções supracitadas.

“O que importa é saber o que importa”

Tudo aquilo que não poderás dizer porquê o fazes, não o faças! Vivemos num labirinto de crenças, é necessário questionar-se sobre a existência de muitas coisas, até mesmo sobre a nossa própria existência enquanto Homo Sapiens.

Antes de qualquer ser humano decidir comemorar ou predefinir as modalidades da comemoração do seu aniversário, deveria primeiramente questionar-se “se eu morrer hoje quem sentirá a minha falta? ” Eu acredito que para fazermos falta quando deixamos de fazer parte deste mundo, temos que durante a vida ser “importante” para alguém (sejam amigos, famílias, ou até mesmo para o mundo). Atenção, ser importante não é ser famoso, dizia o Mário Sérgio Cortella, muitos são importantes, mas não são famosos, e muitos famosos não têm a menor importância. Para ser importante, as pessoas têm que te importar para dentro delas através dos teus feitos durante a vida, então seja um bom passageiro da vida.

Eu quero fazer falta quando partir, e tu? O que tens feito para seres importante ao ponto de fazeres falta quando deixarás de existir?

Questiona-te sobre a falta que farias, se morresses hoje, isso fará com que nós saibamos quem realmente devemos convidar para a comemoração do nosso aniversário (se no caso decidirmos comemorar). O que venho observando é que muitos têm estado a se sentirem sozinhos no meio das multidões durante uma tentativa desinibida e equivocada de querer comemorar o seu aniversário “em grande estilo” convidando pessoas à-torta e à-direita, pessoas estas que tu não tens quase nenhuma ou nenhuma importância na vida delas.

Muitos que geralmente comparecem em “festas de aniversários” vão mais por ser uma “festa” e menos por ser um “aniversário”, eles comem, bebem, divertem-se, fazem selfies para atualizar o “seu dia”, e vão-se embora _ muitas das vezes sem te parabentear.

Aniversários no mundo virtual. Cuidado!

A grande maioria dos utilizadores do Facebook também comemoram os seus aniversários nessa plataforma, automaticamente quando chega a data do aniversário do utilizador, Facebook notifica todos os seus amigos virtuais, porém uma parte dos utilizadores preferem desativar esta funcionalidade do Facebook, eu me encontro entre eles.

Durante 8 anos da minha vida vivi a hipocrisia de comemorar também o meu aniversário nas redes sociais. Imagina! Imagina todos os anos quando chega o teu aniversário recebes centenas de mensagens todas elas iguais _” HBD, tudo de bom. (e ponto final)”, das pessoas que nem sequer conheces, e outras conhecendo-te muito superficialmente. Geralmente, o que elas têm em comum para contigo é que tu não és importante na vida delas. Então, porquê insistir em viver nessa hipocrisia? Porquê desperdiçar o teu precioso dia com o que não importa? Se morresses hoje qual delas sentiria a tua falta? Talvez uma, duas, dezenas? O quê que tu representas na vida delas? E o que elas representam na tua vida? Se elas não recebessem a notificação lembrariam do teu aniversário? Supostamente que não. Já dizia o Agostinho (sec. V) “não sacia a fome quem lambe pão pintado”.

Depois de 8 anos decidi desativar a notificação e acredita ou não, tive o melhor aniversário dos últimos anos! Pois, estive rodeado somente e exclusivamente de pessoas para quem eu sou importante, pessoas que se eu morresse hoje, de certeza que a minha ausência far-lhes-iam imensa falta, essas pessoas não precisam de notificação para saber quando faço anos…

Experimenta! Vai valer a pena…

Descobri o que realmente importa, e o que importa é saber o que importa.

Sabes o que realmente importa?….

 

 

Amilton Viana Tebús

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