Sociedade -

Sociedade de hambúrguer, saldo e muita cerveja!

A primeira coisa que me disseram sobre a ilha foi: É necessário ser Romano em Roma. A segunda coisa que reparei na nossa Roma era que a cerveja já tinha embriagado todo o sistema judiciário e brincava de esconde-esconde com o legislativo enquanto o executivo dependia dos seus consumidores para os eleger.

Por algum encantamento qualquer, as bocas mais esfomeadas, e claro, as que não possuem quaisquer privilégios sociais precisam dessa ração humana (hambúrguer) e algum elixir (cerveja) para aguentarem mais uma noite desvairada financiada por aqueles que detêm todos os privilégios reservados à classe.

Enquanto isso, na ausência de qualquer outra fonte de diversão, o saldo serve para manter todo o sistema conectado e também permitir que imagens fluam de um telemóvel para outro. Mas não se enganem, é o dinheiro que está por detrás de todas as manifestações de afeto.

Tem o pessoal que não trabalha ou estuda. Há sempre vários mantendo um nível de vida artificial que elas criam para elas mesmas. Um dia, já desengonçadas, começam a revelar interesses por coisas abstratas como: amor, amizade verdadeira e felicidade… mas as consequências de uma vida sem desenvolvimento de faculdades intelectuais ou competências de mercado marcam um destino previsível.

É uma espécie de baixa humanidade, vida no nível mais instintivo possível! Sempre digo que prazer sexual até o mais bárbaro dos homens pode ter. Já o prazer artístico, intelectual, é mais difícil, exigente e pede dedicação que uma educação média santomense não consegue fornecer!

O sociedade santomense tem a noção muito reduzida do tempo. E quando acha que está a ganhar perde a consciência. Aumenta o dinheiro, triplicam as mulheres, quadruplicam os filhos e a miséria espia-os silenciosamente para zerar a conta. Como é insustentável, precisam roubar. O harém das famélicas são trupes ingratas, deixam cair amantes pobres da mesma forma que eles deixam cair mulheres feias. Seduzindo pelo dinheiro, o homem santomense parece acreditar numa transmutação qualquer em que a pobreza se transforma em amor. O país é santo, mas não as pessoas. 

Se a salvação é individual, e de facto é, a nossa destruição é colectiva, e de facto eminente.

 

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