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Caso Álcool mais do que Leite: Governo vai apresentar três queixas contra Isabel de Santiago

Isabel de Santiago

Jesus Bom Jesus: "eu a priori quero refutar liminarmente estas informações"

Isabel de Santiago, professora e investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em entrevista a RSTP e a vários órgãos de imprensa portuguesa e internacional, afirmou que “em São Tomé e Príncipe as crianças bebem mais álcool do que leite“, segundo dados do Inquérito Nacional sobre o Consumo de Álcool e Drogas em Meios Escolares em São Tomé e Príncipe (INCEAD-STP), estudo que vem desenvolvendo no país desde 2013.

Em entrevista a RSTP Isabel de Santiago reconheceu que “o título é chocante, mas a investigação comprava-nos isso“. A investigadora afirmou que “eu fiz entrevistas qualitativas as professoras do ensino básico, quando fiz as intervenções preventivas e as professoras disseram-me que as crianças chegam alcoolizadas porque as mães lhes dão álcool para fazer a desparasitação, que em linguagem comum significa matar a lombriga“.

A notícia tornou-se viral nas redes sociais e foi repudiada pela maioria dos santomenses inclusive pelo Primeiro Ministro, Jorge Bom Jesus, que assegurou que “nós precisamos averiguar essas informações“. Jorge Bom Jesus rejeitou as conclusões do inquérito afirmando que “eu a priori quero refutar liminarmente estas informações“.

Reação do Primeiro-Ministro, Jorge Bom Jesus

Já Isabel de Santiago assegurou que o seu estudo é “inquestionável” e garantiu que a investigação é de conhecimento dos sucessivos Governos de São Tomé e Príncipe. “Foi entregue ao anterior Governo na pessoa do ministro Roberto Raposo [ex-ministro da Justiça], no gabinete do anterior Primeiro-Ministro e eu voltei a entregar ao novo gabinete do primeiro ministro [Jorge Bom Jesus] e a ministra Ilza Amado Vaz [ex-ministra da Justiça] e a atual Ministra [da Justiça] que era diretora do instituto da Droga“.

A investigadora acusa o Governo de estar a esconder a realidade. “Guardaram na gaveta porque não querem saber do povo“. Na entrevista a RSTP Isabel de Santiago avisou que “vai haver outra e essa é que vai ser grave“. A investigadora referia-se ao resultado da outra parte do estudo relativas as analises feitas ao tipo de álcool produzido e consumido em São Tomé e Príncipe. “Já tenho as análises a 14 amostras da ilha de São Tomé e 14 amostras de álcool tradicional da ilha do príncipe e quando esses resultados forem publicados numa revista científica São Tomé é achincalhado porque não está a fazer nada” disse Isabel De Santiago.

GOVERNO SANTOMENSE VAI APRESENTAR QUEIXAS CONTRA ISABEL DE SANTIAGO

O Jornal STP-Press noticiou que o Governo Santomense vai mover queixa-crime contra Isabel de Santiago por um infundado inquérito sobre álcool em crianças santomenses.

Segundo este jornal o secretário de Estado para Comunicação Social, Adelino Lucas, sublinhou que o governo “exige que a mesma peça desculpas pública aos são-tomenses, principalmente as inocentes crianças e anuncia que face a gravidade da situação, vai apresentar uma queixa-crime contra a senhora Isabel Santiago por danos irreparáveis a imagem do País e dos seus habitantes”.

Além da queixa-crime, o Estado Santomense vai apresentar mais duas queixas contra a investigadora, sendo uma na reitoria da Universidade de Medicina de Lisboa, onde Isabel de Santiago é professora convidada e investigadora e outra para a revista “Acta Médica Portuguesa” onde Isabel de Santiago prevê publicar o Estudo.

Governo vai remeter uma carta à reitoria da Universidade de Medicina de Lisboa, bem como a revista “Acta Médica de Lisboa” a informar que a dita investigadora não cumpriu as formalidades exigidas pelas leis da República Democrática de São Tomé e Príncipe e que não se deve dar credibilidade”, disse o porta-voz do Governo, o secretário de Estado para Comunicação Social.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) também rejeitou a conclusão do estudo da investigadora Isabel de Santiago e esclareceu que ” em momento algum foi solicitado para dar qualquer parecer e orientações relativamente ao referido estudo“. Num comunicado lido na TVS (Televisão Santomense) o INE assegura que “este estudo não representa a fidelidade do ponto de vista das estatísticas oficiais porque o processo não cumpriu com o preceituado na linha h) da lei 5/98. Sendo assim essas informações resultantes do estudo da senhora Isabel de Santiago não são oficiais

A representante do INE referiu que os dados oficiais relacionados com o consumo de álcool, resultante do inquérito MICS 5 de 2014 realizado no país apontam que “crianças menores de 15 anos que experimentaram pelo menos uma vez a bebida alcoólica é de 7,5 % para as raparigas e 11,9 % para rapazes“.

Entrevista com a investigadora Isabel de Santiago

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