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“É um pedido de socorro.” Hospital Central no quarto dia de paralisação do Banco de Urgência

HOSPITAL

A paralisação dos serviços no Banco de Urgência do Hospital Doutor Ayres de Menezes continuou hoje pelo quarto dia consecutivo, com pacientes a ser transferidos para uma sala provisória e um médico a denunciar falta de “condições para atendimento humano”.

“A paralisação do [Banco de Urgência] é um pedido de socorro dos profissionais de saúde pela situação precária em que nós estamos”, afimou o médico, Daniel Carvalho.

Após pré-aviso de greve, suspensa em 19 de novembro, os profissionais de saúde aumentaram a pressão sobre o Governo para garantir as “condições mínimas” de trabalho no banco de Urgência do Hospital Doutor Ayres de Menezes.

Reclamam a colocação de aparelhos de climatização, portas para garantir segurança e a reabilitação de parte do teto do edifício.

Em declarações à RSTP, o médico Daniel Carvalho, que trabalha no Banco de Urgência, relembrou que no memorando assinado entre os sindicatos dos profissionais de saúde e Governo, no mês passado, “frisou-se no documento que o Banco de Urgência era um assunto para resolução imediata […] num prazo não superior a quatro semanas”.

“A verdade é que passaram três semanas – estamos na quarta semana – e só com a nossa paralisação é que os serviços começaram a ser feitos ‘em cima do joelho’ e isto não satisfaz nem a nós, nem aos pacientes”, explicou o médico.

Durante a sessão plenária de terça-feira, o primeiro-ministro afirmou que o diretor do Hospital o teria informado de “que a climatização estava colocada” e que só faltava resolver o “problema de um teto falso que estão a repor”.

“Disseram-me que o problema estava resolvido”, disse o primeiro-ministro.

Entretanto, o médico Daniel Carvalho disse na quarta-feira à RSTP que, “a paralisação do Banco de Urgência ainda continua porque o Banco de Urgência ainda não reúne as condições para o atendimento humano as pessoas e para um trabalho condigno dos profissionais de saúde”.

O médico reafirmou que os profissionais de saúde não voltarão “a exercer plenas funções no Banco de Urgência até que as condições básicas sejam reunidas.”

A RSTP verificou, na terça-feira, que decoriam obras de pintura no interior do Banco de Urgência e todos os pacientes foram transferidos para uma sala do edifício de consulta externa onde decorrem os atendimentos.

“É um edifício que estruturalmente não está todo ele concebido para atender na modalidade urgência,” disse o médico Daniel Carvalho, acrescentando, no entanto, que continuam a ser assegurados o atendimento aos “casos de emergência” em que “o risco de vida do paciente possa estar comprometido”.

No Hospital Central, uma mulher revelou que acompanhou, na terça-feira, um paciente às Urgências, desde Água Izé, a cerca de 20 quilómetros do Hospital, mas “nenhum maqueiro não quis pegar porque estão em greve”.

“Não está normal, toda a gente está aqui com mosca nesta situação,” acrescentou enquanto olhava pela janela para o interior da pequena sala “lotada” com camas, sem ventilação e os pacientes incomodados pelas moscas.

 “Eu levei minha filha não deram nenhum comprimido, nem uma gota de água. Ela pediu: papa dá-me um bocadinho de água, não tem,” relatou outro utente enquanto a sua filha menor vomitava constantemente, mas o caso não foi considerado “situação de emergência” por isso foi encaminhado para o posto de saúde.

 “Vida humana compra-se? Ainda uma criança de nada, vem para Hospital doente com vómito desde manhã. Saiu desde Uba Cabra vem até aqui vão mandar criança para posto. Se criança morrer na estrada quem vai assumir, senhor ministro?” questionava outra utente perante o desespero dos pais da menor.

“Hospital de São Tomé está péssimo”, desabafou.

Na sessão plenária de terça-feira o ministro da saúde disse considerou que a questão da paralisação/greve “será tratado em sede própria, sobretudo quando se paralisa, em parte ou não, um setor essencial que são as urgências”.

“Isto normalmente pode ser equiparado a negação de prestação de socorro”, disse o Ministro, que lamentou a paralisação afirmando que os profissionais de saúde não deixaram esgotar o prazo de quatro semanas que convencionaram com o Governo para a resolução dos problemas do Banco de Urgência.

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