O primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, lamentou hoje o “momento difícil” na Guiné-Bissau e apelou à intervenção da comunidade internacional para que a situação seja ultrapassada “o mais rapidamente possível e com o menor banho de sangue possível”.
“Lamento profundamente porque de facto, os nossos países em vias de desenvolvimento, continuamos nesta luta titânica contra a pobreza, pela afirmação dos valores democráticos e existem precisamente as eleições para que todos possam chegar ao poder pela porta principal, que é esta soberania que o povo nos confere”, disse Jorge Bom Jesus.
O chefe do Governo são-tomense apelou à intervenção da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da comunidade internacional para ultrapassar o “momento difícil”, considerando que “nada justifica perda de vidas humanas em circunstâncias dessas”.
“Sempre que há seja o que for que coloque em causa a estabilidade política e governativa, naturalmente é sempre muitos passos atrás. Esperemos que o povo guineense e naturalmente a comunidade internacional – a nossa comunidade da CPLP – todos consigam ajudar para que este momento difícil seja ultrapassado o mais rapidamente possível e com o menor banho de sangue possível”, referiu Jorge Bom Jesus.
Vários tiros foram ouvidos hoje perto da hora de almoço junto ao Palácio do Governo da Guiné-Bissau onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.
Entretanto, segundo fonte governamental, militares entraram cerca das 17:20 no palácio do Governo e ordenaram a saída dos governantes que estavam no edifício.
As relações entre o chefe de Estado e do executivo têm sido marcadas por um clima de tensão, agravada nos últimos meses de 2021 por causa de um avião Airbus A340, que o Governo mandou reter no aeroporto de Bissau, onde aterrou vindo da Gâmbia, com autorização presidencial, e pela recente remodelação governamental.
A tentativa de golpe de Estado já foi condenada pela União Africana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e por Portugal.
O Presidente guineense já agradeceu às forças de defesa e segurança terem conseguido frustrar esta tentativa de golpe de Estado, considerando que constituiu um “atentado à democracia”.