A Ação Democrática Independente (ADI, oposição) considerou na quarta-feira que São Tomé e Príncipe vive o pior momento da sua história e responsabilizou o Governo pelo aumento do custo de vida, destruição de ponte e de ter deixado o país à sua sorte.
“Temos um país deixado à sua sorte, a degradação é permanente. O país está morrendo aos pedaços, os cidadãos perderam a esperança e a juventude procura todas as portas de saída para abandonar o país”, disse o porta-voz da ADI, Alexandre Guadalupe, na leitura de um comunicado de imprensa com várias críticas ao Governo do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus.
A ADI considera que em São Tomé e Príncipe “o custo de vida é cada vez mais insuportável, a fome aumenta, a desgraça é tanta porque a criminalidade aumenta, assusta e preocupa a todos”, concluindo por isso que “pode-se dizer que o país atravessa o pior momento da sua história”.
O maior partido da oposição são-tomense disse estar “seriamente preocupado com várias situações que têm afetado negativamente” o arquipélago, considerando que “como se não bastasse o recrudescimento do paludismo, consequência de uma grande irresponsabilidade na concretização de medidas que visam a sua erradicação”, o país tem agora “a dengue, uma doença que, não sendo devidamente prevenida e combatida, poderá trazer consequências extremamente graves à saúde dos santomenses”.
“São os vários sinais de incompetência e irresponsabilidade demonstrados para fazer face, não só a esta terrível doença, mas também em várias outras situações que têm afetado o nosso país”, afirmou Alexandre Guadalupe, criticando que “numa primeira abordagem, o primeiro-ministro, nos órgãos de comunicação social, teria confirmado a existência da dengue” no país, mas “para a surpresa de todos, logo a seguir, a diretora dos Cuidados Primários de Saúde veio dizer que existem apenas suspeitas”.
Para a ADI isso “demonstra a falta de coordenação, muita incompetência e ausência de um plano nacional de resposta”.
“Por isso, não nos cansamos de repudiar a politiquice, a irresponsabilidade, o populismo do Governo que tudo fez para que até à presente data não tivéssemos um hospital de referência em condições de atender os nossos concidadãos, bem como todos aqueles que vivem e visitam São Tomé e Príncipe”, disse o porta-voz da ADI apelando aos cidadãos “que se mantenham serenos, mas muito atentos e na presença de um dos sintomas, procurar o serviço de saúde mais próximo”.
A ADI inclui na sua “lista demasiada longa” de críticas, a destruição das pontes após as enxurradas das fortes chuvas, mas que entende não ser “um mero infortúnio”, bem como “a falta de transporte marítimo” para ligar a ilha de São Tomé e a ilha do Príncipe.
“As populações do distrito de Lembá vivem num clima de medo, de incerteza, porque não sabem se as próximas chuvas podem levar o que ainda resta das pontes”, afirmou, Alexandre Guadalupe acrescentando que “o fornecimento extremamente deficitário de energia elétrica e água agravam-se a cada dia e corre-se o risco de o país ficar definitivamente às escuras sem que haja alguma explicação fiel e concreta”.
A ADI lamentou também a entrevista do primeiro-ministro que considerou uma “autêntica encenação teatral, e num desnorte total” e a referência ao artigo publicado no blogue ‘Maka Angola’ do jornalista angolano Rafael Marques que o ADI diz falar de “uma forjada e inexistente dívida oculta” dos 30 milhões de dólares envolvendo o presidente e o secretário-geral da ADI, respetivamente Patrice Trovoada e Américo Ramos.
“Todos nós conhecemos esse episódio triste que aconteceu em 2019, que culminou com a prisão ilegal, injusta e política do nosso companheiro Américo Ramos e que após três meses de cativeiro, foi posto em liberdade sem que houvesse alguma acusação e o Ministério Público, pura e simplesmente, arquivou o processo por não haver matéria para a acusação”, defendeu.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, admitiu que “o custo de vida tem subido bastante”, apontando como causas a guerra na Ucrânia, o aumento dos preços dos combustíveis no mercado internacional, as alterações climáticas e “os dois anos de crise pandémica” da covid-19.
“Tudo isto teve um impacto muito grande e hoje a saída da crise nós todos estamos a ressentir”, considerou o chefe do executivo, acrescentando que como consequência do recente aumento no preço dos combustíveis no país, “automaticamente tudo aumenta” de preço.