“A alteração ou mesmo a inversão da matriz energética são-tomense deve ser prioridade do Estado e dos sucessivos Governos. Deve por isso ser urgentemente criado um quadro legal claro e preciso, mas suficientemente atrativo que permite a realização de investimento tanto público como privado no setor da energia”, defendeu Carlos Vila Nova na abertura do primeira conferência internacional de energia renovável em São Tomé e Príncipe.
O evento de dois dias é organizado pela Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER) em parceria com a Direção Geral dos Recursos Naturais e Energia (DGRNE) de São Tomé e Príncipe com apoio da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), durante a qual será apresentado o ponto de situação das energias renováveis e eficiência energética no país.
“Os diversos estudos nacionais, inventário de gases com efeito de estufa, comunicação nacionais levados a cabo, deixam claro que o setor que mais polui é de energia com pouco mais de 80% da emissão total do país, desde o uso de lenhas até o uso do diesel para geração energia elétrica e alimentação de viaturas”, disse o Presidente são-tomense.
Carlos Vila Nova que foi ministro das Infraestruturas, Recursos Naturais e Ambiente no governo do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada (2014-2018), realçou que “a exploração das fontes de energias renováveis em São Tomé e Príncipe permitiria uma redução significativa na importação de energia fóssil atenuando a dependência energética”.
“Por outro lado, a substituição contribuiria também para a segurança energética do país, na medida em que mitigaria a vulnerabilidade de São Tomé e Príncipe relativamente aos choques externos provocados pela oscilação constante de preço dos combustíveis fosseis no mercado internacional e custos associados a insularidade”, acrescentou o chefe de Estado.
Carlos Vila Nova sublinhou que “a energia sustentável é a única alternativa” para o país, mas igualmente para o mundo, por isso tornar o país “atrativo ao investimento no setor da energia deve ser um desígnio nacional”, considerando “a importância da energia no processo de desenvolvimento socioeconómico de qualquer nação”.
“É vital a necessidade de fazer boa gestão dos recursos disponíveis, estar atento aos fenómenos das alterações climáticas e a imprescindível necessidade do cumprimento dos objetivos do desenvolvimento sustentável. É cada vez mais necessário elaborar e desenvolver políticas energéticas e ações que visam o aproveitamento nacional das energias renováveis”, sublinhou Carlos Vila Nova.
Segundo o Presidente da República o gasóleo representa “aproximadamente 90% da fonte de produção” de energia que beneficia “mais de 83% da população, particularmente nas áreas urbanas e semiurbanas” do país, mas “a parte reservada a energia renovável é bastante diminuta”.
“O uso do diesel importado pelo país para a geração de eletricidade constitui um arcaísmo e uma preocupação nacional, não só devido ao seu custo que impõe ao erário público um esforço financeiro insuportável e sem quaisquer garantias de sustentabilidade, mas sobretudo devido as consequências ambientais danosas para o ecossistema”, frisou, Carlos Vila Nova.
O ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais, Osvaldo Abreu considerou que a problemática da transição energética tem sido um os dos desafios dos sucessivos governos, mas os resultados tardam em chegar, sobretudo devido a incapacidade financeira do país.
O governante disse que foram assinados contratos com cinco entidades privadas para a implementação de projetos de produção de 55 megawatts de energia fotovoltaica, 10 de biomassa, 1.5 de energia oceânica, mas nenhum deles foi concretizado até ao momento.
Segundo Osvaldo Abreu para produzir os 20 megawatts de energia necessários para o país atualmente a Empresa de Água e Eletricidade (Emae) gasta cerca de 90 mil litros de gasóleo por dia, num total de cerca de 30 milhões de dólares mensais, a que se somam mais cerca de 4 milhões de dólares por ano para a manutenção dos geradores.