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IX Bienal: Companhia de dança inclusiva, ANKA, apresenta espetáculo “entre nós”

ANKA

A Companhia de Dança Inclusiva de São Tomé e Príncipe, ANKA foi fundada há 6 anos, e é considerada uma iniciativa inovadora no país, destacando-se pela integração de bailarinos deficientes, jovens e adultos, que juntos promovem a cultura nacional, sobretudo através da dança.

O grupo já conta com várias participações internacionais, incluindo representações de São Tomé e Príncipe em eventos e escolheu o tema “entre nós” para o seu primeiro concerto exclusivo no país.

“Nós preparamos muito bem para este espetáculo. De salientar que este é o nosso primeiro espetáculo ao vivo em São Tomé […] percebemos que esta é nossa grande chance de mostrar ao público são-tomense, que São Tomé e Príncipe tem bailarinos que podem fazer coisas bonitas, coisas especiais, tendo em conta a limitação que o grupo tem”, disse à RSTP, o diretor artístico e coreógrafo da ANKA, Tanyel Viegas.

Segundo Viegas, o espetáculo que teve como tema “entre nós” tem como objetivo principal “sensibilizar a população, sobre a questão da deficiência, da acessibilidade, da sensibilidade artística e dar oportunidades à toda pessoa que se sentem excluídas da sociedade.”

“E nós com a ANKA e com esse espetáculo, trazemos a dança como o fator de coesão social, para promover a igualdade, a integração de pessoas com deficiências e também no ramo artístico, sobretudo, promover a cultura de São Tomé e Príncipe”, precisou o diretor artístico e coreografo da ANKA.

O nome ANKA, segundo um dos elementos do grupo, é atribuído à caranguejos, que andam para frente e para trás, como uma cadeira de rodas que é o principal material de apoio locomoção dos bailarinos deficientes que integram o grupo.

Para João Carlos, um dos membros do grupo ANKA, o espetáculo “correu muito bem”, tendo realçado que foi o momento de “muita emoção.”

“Eu achei a atuação muito fixe, embora foi um trabalho [um pouco] complicado, mas conseguimos”, disse Isaque Lopes, outro elemento do grupo.

Fernando Taravera, um dos deficientes e também integrantes do grupo ANKA, mostrou-se satisfeito com a apresentação, e salientou que os deficientes têm “capacidades de fazer tudo que os outros [que não são deficientes] fazem.”

“Eu vejo o trabalho que eu faço, e outros os meus colegas para sobrevivermos. Temos que fazer alguma coisa que faz o público admirar”, sublinhou Taravera.

Os bailarinos deste grupo se aventuram em séries de ritmos do contemporâneo à danças culturais, para celebrar esta vibração cromática e inclusiva, com objetivo de convidar o público a refletir sobre suas relações com os outros e com o espaço por meio desta criação interativa.

 “Um espetáculo emocionante que revela um trabalho dos dançarinos e depois com uma ideologia extraordinária que é a ideologia da inclusão: pessoas em cadeiras de roda a dançarem a participarem […] eu acho que foi um espetáculo excecional. Projetos assim devem ser apoiados porque revelam não apenas imaginação, mas também esforço dos participantes, porque se nota que ali estão muitas horas de ensaio”, disse a professora Inocência Mata, que assistiu ao espetáculo que considerou como “excelente em qualquer parte do mundo”.

“Eu agradeço esta oportunidade de ver em São Tomé, um espetáculo tão bom”, finalizou.

O ator Ângelo Torres também mostrou-se surpreendido com a apresentação do grupo ANCA.

“Saio daqui completamente assoberbado (como se diz em espanhol). Eu não estava a espera. Acabei por chorar, emocionei-me, tive momento de drama, farsa, comédia: um espetáculo completo”, disse o renomado ator são-tomense.

“Este país tem isto para oferecer e o país não sabe que tem isto! […] O que estes senhores/jovens fizeram aqui hoje é maravilhoso”, acrescentou, Ângelo Torres.

Esta apresentação decorreu no âmbito da IX Bienal de Artes e Culturas de São Tomé e Príncipe.

Escrito por: Ana Sofia

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