Rádio Somos Todos Primos

Eleições’22: MVDP quer “mudança de poder para refrescar a governação” na ilha do Príncipe

O Movimento Verde para o Desenvolvimento do Príncipe (MVDP), de Nestor Umbelina “mudança de poder no sentido de refrescar a governação” na ilha do Príncipe, após 16 anos da UMPP, com aposta nos setores económico, social e infraestruturas para “melhorar a condição de vida da população”.

“Reafirmamos a nossa convicção de que é altura de haver alternância no Príncipe, haver mudança de poder no sentido de refrescar a governação e melhorar a condição de vida da população”, disse o presidente do MVDP, Nestor Umbelina, que concorre à presidência do governo do Príncipe pela segunda vez.

O líder do MVDP considerou que “no Príncipe nada está bem”, apontando falhas no setor social, económico, infraestruturas e outros, para os quais promete fazer “diferente, melhor e muito mais do que o atual governo [regional] que está cansado, sem ideias e sem dinâmica”.

O governo regional do Príncipe é presidido por Filipe Nascimento desde 2020, quando sucedeu no cargo a José Cardoso Cassandra, que deixou a liderança da União para Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP) a meio do quarto mandato na liderança do governo regional.  

Filipe Nascimento é um jovem quadro natural de Príncipe, de ascendência cabo-verdiana e formado em Direito em Portugal, que durante vários anos trabalhou na Câmara Municipal de Oeiras.

“Tu não podes cair de paraquedas e vir governar uma ilha com todos esses problemas. Tinha-se de ter uma experiência, conhecer quer a realidade da ilha, quer a realidade política nacional e o Filipe não tinha esses requisitos, […] claro que vejo uma governação bastante fraca do Filipe”, criticou Nestor Umbelina.

Umbelina é um ex-dirigente da UMPP, e exerceu o cargo de presidente da Assembleia Regional e secretário regional para as Infraestruturas durante a liderança de José Cardoso Cassandra. Após abandonar a UMPP, concorreu em 2018 contra Cassandra e elegeu dois deputados à assembleia regional, mas que não tomaram posse, em protesto contra a alegada violação dos regimentos daquela assembleia por parte dos deputados da UMPP.

Apesar de reconhecer indicadores positivos no setor da educação, sobretudo na formação dos professores dao pré-escolar, o líder do MVDP apontou “problemas gravíssimos” ao nível do ensino secundário, bem como das infraestruturas escolares que põem em risco o início do ano letivo, porque as duas principais escolas da ilha “encontram-se em obras desde o ano passado”.

O líder do MVDP também considerou que há falhas na saúde, principalmente no Hospital Manuel Quaresma Dias da Graça, no Príncipe, incluindo a “extensão do bloco operatório que há mais de 18 anos tentam reparar”.

Relativamente aos grandes projetos estruturantes, Nestor Umbelina referiu que ao nível de ligação aérea entre a ilha do Príncipe e São Tomé terá como prioridade a retoma do acordo com um antigo operador que deixou de fazer voos comerciais por exigências de segurança e falta de equipamentos que custavam cerca de 150 mil euros.

“Eu penso que não houve dinâmica, não houve visão por parte dos dois governantes que estiveram nestas negociações, em assumir com a transportadora o custo destes equipamentos e em contrapartida termos uma concorrência para a STP Airways [a única transportadora que faz ligação entre as ilhas]”, defendeu Nestor Umbelina.

“Temos um avião a voar, que é pequeno e o preço de passagem está na ordem das 7.500 dobras [307 euros]. Isto é muito dinheiro para o povo pagar. O povo não tem este dinheiro”, acrescentou.

Ao nível dos transportes marítimos, Nestor Umbelina entende que a preocupação atual reside na segurança, tendo em conta os naufrágios de vários navios que resultaram em mortes de dezenas de cidadãos na ligação entre as ilhas.

“O único navio que anda a fazer a ligação é o navio Príncipe e eu penso que todos os governantes e mesmo a sociedade civil conhecem o estado deste navio, mas nós não vemos nenhuma atitude, nem do Governo central, nem do governo regional, no sentido de fazer o melhoramento essencialmente ao nível da segurança daquele navio”, lamentou o presidente do MVDP.

Por outro lado, Umbelina afirmou que desde 2018 que tinha “como uma das principais prioridades a intervenção para ampliação do porto [regional] e a construção de uma marina” no local.

No entanto, o Governo central assinou recentemente um acordo para a extensão do referido porto no âmbito de um projeto que incluiu também a requalificação do porto da ilha de São Tomé.

“Se for realmente boa coisa, com pés e cabeça, claro que vai facilitar-nos a vida, mas nós como governo regional queremos ter mais intervenção, mais voz na matéria e não queremos deixar que seja só o investidor ou o Governo central a fazer isso. Com o meu governo nós vamos arranjar uma solução de ampliar este porto, com ou sem aquele projeto do Governo central, porque nós temos algum trabalho de casa feito”, disse Nestor Umbelina.

A ilha do Príncipe padece também de sucessivas roturas de combustível que muitas vezes é vendido ao dobro do preço em relação à ilha de São Tomé, por isso o líder do MVDP prometeu de imediato “criar mais postos de combustíveis”.

Cerca de 5.964 eleitores da ilha do Príncipe vão escolher no dia 25 de setembro os deputados à Assembleia Regional. O partido mais votado terá a possibilidade de indicar o próximo presidente do governo da ilha do Príncipe para um mandato constitucional de três anos.

No mesmo dia, 11 partidos e movimentos, incluindo uma coligação, concorrem às eleições legislativas de São Tomé e Príncipe, no mesmo dia em que são eleitos os presidentes das autarquias.

Exit mobile version