O líder da ADI, partido mais votado nas legislativas são-tomenses, estará em Lisboa e Bruxelas, na próxima semana para se encontrar com as “autoridades oficiais”, alertar sobre a situação pós-eleitoral e prevenir “situações mais gravosas” para o arquipélago.
“Nos próximos dias terei contactos diretos com as autoridades de países amigos e instituições amigas e parceiras de São Tomé e Príncipe, nomeadamente, estarei em Portugal com as autoridades portuguesas, estarei em Bruxelas com as autoridades da União Europeia para, de facto, alertar todos os nossos parceiros para que um bom exemplo, até hoje, de democracia que representa São Tomé e Príncipe não seja manchado por manobras de agentes políticos desesperados e que não querem reconhecer e respeitar a palavra do povo são-tomense”, anunciou Patrice Trovoada.
O líder da ADI disse que viajará hoje com destino a Lisboa, onde terá encontros na segunda-feira e seguirá na terça-feira para Bruxelas, “numa ronda de contactos diplomáticos”, mas não quis revelar quem são estas entidades, referindo que “elas se encarregarão de transmitir à imprensa”.
“Nós apelamos à comunidade internacional a acompanhar com a vigilância mais extrema este processo”, disse Patrice Trovoada, revelando que escreveu uma carta ao Presidente de Angola, da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), João Lourenço, “para ele poder acompanhar de perto todas essas tentativas de violação da verdade eleitoral em São Tomé e Príncipe”.
“Alertar a comunidade internacional parece-me fundamental para prevenirmos situações ainda mais gravosas em São Tomé e Príncipe. Nós dependemos mais de 95% da ajuda internacional e eu penso que é importante nesta altura falar com os nossos parceiros, explicar aos nossos parceiros o que se passa, para ver se usam também a sua influência para ver se este processo acaba bem”, disse Patrice Trovoada.
O presidente da ADI disse que aproveitará a semana no estrangeiro para se desligar de “algumas atividades profissionais”, e prevê regressar a São Tomé no próximo fim de semana.
Patrice Trovoada desvalorizou a possibilidade de a sua ausência fragilizar o seu partido, numa altura em que ainda não são conhecidos os resultados definitivos das eleições realizadas no domingo.
“Eu não danço ao ritmo dos meus adversários. Estive ausente durante quatro anos, mas regressei e ganhei com maioria absoluta, por isso ficou perfeitamente provado de que, no fundo, eu não estou ausente” afirmou o presidente da ADI.
Após a divulgação dos resultados provisórios das eleições legislativas que colocaram a ADI como partido mais votado, os primeiros-ministros de Portugal e Cabo Verde, António Costa e Ulisses Correia e Silva, respetivamente, felicitaram Patrice Trovoada e a ADI pela vitória.
Os Ministérios dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Guiné-Bissau também felicitaram o líder da ADI.
A Assembleia de Apuramento Geral das eleições legislativas de 25 de setembro reúne-se na segunda-feira, no Tribunal Constitucional.
No entanto, na quinta-feira, três candidaturas, nomeadamente o Movimento Basta, o Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL) e a União para Democracia e Desenvolvimento (UDD) apresentaram ao Tribunal Constitucional um pedido de coligação e agrupamento dos votos das três candidaturas antes da atribuição definitiva dos mandatos.
As três candidaturas, através dos seus mandatários requereram “que sejam aproveitados os votos de umas a favor de outra candidatura mais votada da referida coligação”, no caso, o movimento Basta que passaria a contar com mais 2.332 votos do MDFM/UL e da UDD, subindo para 9.206 votos.
“O ADI espera que o Tribunal Constitucional rejeite liminarmente essa tentativa de fraude eleitoral”, afirmou hoje o líder da ADI, que reivindica maioria absoluta de 30 deputados, após o apuramento dos votos pelas Assembleias de Distritais.
Na sexta-feira, Patrice Trovoada disse que vai pedir sanções internacionais para quem violar a soberania eleitoral dos são-tomenses e tentar roubar votos do seu partido.
“Através das várias mensagens que nós recebemos, a comunidade internacional também não vai aceitar que se roube as eleições em São Tomé e Príncipe, e nós vamos pedir à comunidade internacional, se tal acontecer, para agir com a mais extrema celeridade”, afirmou Patrice Trovoada, durante uma reunião com os dirigentes e militantes na sede da ADI, na capital são-tomense.