O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada agradeceu a Portugal pelo apoio de 15 milhões de euros anunciado na quinta-feira pelo Governo português, que vai “aliviar significativamente” a situação financeira do arquipélago, que está em “situação lastimável”.
“Todos os são-tomenses temos que nos felicitar da atitude de Portugal que percebeu perfeitamente a situação em que se encontra São Tomé e Príncipe, sobretudo do ponto de vista financeiro e que decidiu apoiar o nosso país com 15 milhões de euros, o que vai aliviar de certa forma, eu diria significativamente as próximas semanas, visto a situação em que nós nos enfrentamos”, disse Patrice Trovoada, no seu regresso à São Tomé, após ter estado em Portugal e Estados Unidos nas últimas semanas.
“Para além de dizer que foi um balanço positivo essa visita, aproveito para voltar agradecer as autoridades portuguesas, o povo português, porque é de facto uma prova de solidariedade e de confiança também nesse nosso executivo”, acrescentou.
Portugal vai dar a São Tomé e Príncipe 15 milhões de euros para ajudar o país a lidar com a crise económica, anunciou o Governo português liderado por António Costa, no final do Conselho de Ministros.
“Foi aprovada a resolução que autoriza a disponibilização de um montante extraordinário de 15 milhões de euros para apoio direto ao Orçamento Geral do Estado de São Tomé e Príncipe”, lê-se no comunicado distribuído no final da reunião dos ministros portugueses, em Lisboa.
O apoio financeiro é “destinado a contribuir para o desenvolvimento nos setores da educação, saúde e segurança alimentar, bem como do robustecimento da democracia e do Estado de direito”, acrescenta-se.
A subvenção surge após a visita do primeiro-ministro, Patrice Trovoada, a Lisboa, no início do mês, na qual considerou que São Tomé e Príncipe está a viver um “momento crítico” em termos económicos.
“Estas decisões como sabem não são tomadas sem concertação com o FMI [Fundo Monetário Internacional]. O facto de Portugal ter podido avançar com essa soma quer dizer que o FMI não teve nenhuma objeção. Isso tudo representa de certa maneira um sinal forte de confiança no executivo, de solidariedade com São Tomé e Príncipe e resta-nos a nós também corresponder, trabalhar mais, gerir melhor e fazer tudo para que dentro de alguns meses estejamos fora dessas turbulências financeira e económicas”, comentou Patrice Trovoada, o seu regresso ao país.
O chefe do governo são-tomense destacou que estão em cursos as discussões para a assinatura de um novo acordo com o FMI em fevereiro do próximo ano, após esta instituição financeira ter suspendido o programa que estava na reta final com São Tomé, segundo o Governo são-tomense, por “descarrilamento” das metas e não implementação de reformas por parte do governo anterior, liderado pelo ex-primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus.
“Nós vamos de modo acelerado, fazer com que ainda até fevereiro se possa ter um novo acordo com o FMI o que vai permitir retomar quer do lado do FMI, quer do lado de outras agências multilaterais o apoio ao nosso país do ponto de vista de balança de pagamento, do ponto de vista orçamental, do ponto de vista também de mais outros projetos estruturantes”, disse o primeiro-ministro são-tomense.
Patrice Trovoada disse ainda que à margem da sua participação da cimeira Estados Unidos – África, em Washington, também se reuniu com várias agências internacionais e afirmou que “há um sinal de confiança” para com o seu Governo, mas sublinhou que o país precisa de estabilidade e continuar a trabalhar mais.
“Vamos passar por um período difícil, não temos como evitar, vamos ter que tomar medidas difíceis, porque deixaram-nos um país em situação lastimável, mas existe confiança […] falta de facto São Tomé e Príncipe arrumar a casa dar sinais que estamos sérios, decididos em trabalhar para nós próprios e depois as coisas irão melhorar”, afirmou Patrice Trovoada.
Na sexta-feira o chefe do Governo são-tomense desloca-se a Angola para encontrar-se com o Presidente angolano, João Lourenço para dar continuidade as conversações já iniciadas à margem da cimeira Estados Unidos-África que decorreu na semana passada.
“Eu penso também que será uma oportunidade para vermos a nossa cooperação económica e financeira, as questões ligadas ao abastecimento de combustível que são questões urgentes, mas felizmente também com Angola nós temos excelentes relações antigas e vai ser uma conversa entre irmãos e amigos, mas queremos que com Angola também passamos também para um outro patamar em que os engajamentos parte a parte sejam respeitados, conhecendo evidentemente a situação de São Tomé e Príncipe”, disse o Patrice Trovoada.