O Presidente da República afirmou que “um quarto da população” são-tomense estimada em cerca de 200 mil habitantes emigrou ao longo deste ano, em busca de melhores condições de vida, educação e saúde, mas apela a não se esquecerem de regressar ao país de origem.
“É verdade que o fluxo migratório tem afetado a maioria dos nossos países, São Tomé e Príncipe em particular. Podemos dizer que um quarto da nossa população emigrou ao longo deste último ano”, disse o chefe do Estado.
Sem espaço aos jornalistas para perguntas, Vila Nova, indicou como as principais motivações desta emigração a “procura de melhores condições de vida, melhor formação e melhor saúde”, mas apelas aos são-tomenses a não desistirem do país.
“É preciso que se pense que vamos nos qualificar, melhorar aquilo que são as nossas condições contra as quais lutamos hoje para de volta termos melhores condições e fazermos porque a casa é nossa, o país é nosso, não nos esqueçamos disso,” apelou Carlos Vila Nova.
Em março, o Conselho Nacional da Juventude divulgou um estudo realizado no ano passado que concluiu que cerca de 80% dos jovens são-tomenses querem abandonar o país em busca de melhores condições de vida, nomeadamente emprego e saúde, e muitos perderam esperança no desenvolvimento do arquipélago.
“Um jovem que eu inquiria na altura disse-me que ele prefere ir para viver de baixo da ponte. Ficar em São Tomé é que ele não fica. […] No fundo os jovens estão dispostos a sair do país, não importa para ir fazer o quê lá fora. O importante é sair”, relatou o antigo secretário-geral do CNJ, Laudino Tavares.
Durante a campanha de auscultação da população para a preparação do Orçamento Geral do Estado, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, admitiu a preocupação do Governo perante a vaga de emigração jovem.
“Se a maioria da população é jovem e se 78% dessa maioria quer abandonar o país então o país também não tem futuro. […] Nós não podemos impedir os jovens de sair, mas nós temos consciência de que se nós não fizermos alguma coisa para o jovem encontrar o seu futuro aqui, amanhã quando vamos precisar de um jovem para trabalhar, não teremos jovens para trabalhar”, disse Patrice Trovoada durante a conversa com populares no distrito de Cantagalo.
O chefe do Governo são-tomense prometeu a realização de um inquérito para ouvir as ideias dos jovens a fim de “definir uma política que possa resolver o problema”, mas até ao momento o documento não começou a ser elaborado.
No entanto, a ministra da Juventude e Desporto, reafirmou no sábado que Governo vai elaborar a nova política estratégia “que irá nortear os destinos da juventude são-tomense nos próximos quatro anos”, apelando à não dramatização da problemática da emigração.
“Reconhecemos que há desafios significativos que devem ser superados, tais como o desemprego, as necessidades específicas de formação e a busca incessante de melhores condições de vida, de melhores oportunidades, de novas experiências, muitas vezes manifestadas através do processo de emigração que não podemos estar constantemente a dramatizar, mas sim o encarar como um processo normal”, disse Eurídice Medeiros, durante a gala da juventude que se realizou no sábado.
“Devemos continuar a acreditar que as maiores chances de podermos empreender e transformar positivamente as nossas comunidades, de construir, inovar e encontrar soluções que possam mudar as nossas vidas e daqueles que nos rodeiam, encontram-se aqui”, referiu, a ministra da juventude, admitindo que “não basta apenas querer e continuara a sonhar, mas sim realizar ações concretas”.