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João Seria: um ano após a morte, dificuldades financeiras condicionam a preservação do seu legado

João Seria

Após um ano da morte do General João Seria, as dificuldades financeiras têm condicionado a preservação do seu legado e de muitos outros cantores e atores culturais do país, que deixaram grandes marcas na história da cultura de São Tomé e Príncipe pelos quatro cantos do mundo.

O cantor faleceu em 04 de maio de 2023, quando completaria 74 anos e foi um dos maiores promotores da música são-tomense e da sua expansão na diáspora, deixando o seu nome escrito na história cultural do país.

“João Seria veio a ser um grande ícone da música são-tomense que ao morrer aos 74 anos, eu particamente em mim, não conheci nenhum cantor que cantou particamente a dar o último suspiro, porque ele começou a sua atividade na Ilha do Príncipe e depois passou pelo conjunto Sangazuza e depois veio terminar em África Negra como embaixador máximo da música são-tomense”, considerou o escritor, investigador e ensaísta são-tomense, Francisco Costa Alegre, em declarações à RSTP.

O cantor faleceu poucos dias depois de ter atuado num show musical na Ilha do Príncipe, por ocasião do 28º aniversário da autonomia regional, que foi a sua última atuação.

O escritor reconheceu que até ao momento não se tem feito nada para preservar o legado de João Seria e de muitos outros nomes que deram grandes contribuições para a promoção da cultura são-tomense.

No entanto, alguns cantores têm homenageado João Seria através de letras e músicas que enaltecem o seu legado.

“Temos minimamente um trabalho pronto, era para gravar, então liguei para Moreno, nosso produtor, e disse ao Moreno, João Seria morreu e não vai passar assim, e falei com Leo, fomos as 18 horas para o estúdio de Moreno, sem letra e gravamos a música, em homenagem [ao João Seria]”, disse o cantor Moussa Halawi.

A Associação de Músicos e Compositores de São Tomé e Príncipe (ASSOMÚSICOS) foi criada para defender e promover o setor cultural musical e os cantores em STP, mas aponta dificuldades de recursos financeiros que condicionam as ações da associação.

“A associação está atenta a estes casos, mas pouco pode fazer por questões de meio financeiros [porque] é uma associação que depende da cota dos músicos e nem todos estão a altura para o fazer”, disse o Presidente da ASSOMÚSICOS, Guilherme Carvalho.

“Em certos momentos fazemos homenagens há alguns nomes sonantes [da música são-tomense], mas já deixamos de fazer há muito tempo porque quase toda a pessoa que faz parte da direção da associação estão fora”, acrescentou o líder da ASSOMÚSICOS.

Guilherme Carvalho adiantou ainda que a realização de um festival em homenagem ao João Seria é um dos projetos que a associação quer concretizar no futuro.

“João Seria foi capaz de mobilizar e fazer conhecer o nome de São Tomé e Príncipe, em termos de música, entretanto, é uma das pessoas que nós podemos reconhecer, e estamos a pensar em fazer um festival em homenagem ao João Seria”, precisou Guilherme Carvalho.

No dia da morte e enterro de João Seria vários políticos e órgãos de soberania prometeram e desejaram a preservação do seu legado, mas um ano depois, pouco ou nada de concreto se fez, nem para o João Seria, nem para tantos outros músicos e atores da cultura, tais como Pepe Lima, Vavá Pina, Constâncio Show, Amorim Diogo e tantos outros.

“O governo está a pensar em preservar o legado de todos os cantores, só que há uma situação que as pessoas não veem, existe uma associação de cantores em São Tomé e Príncipe, que é privada, e eu gostaria de saber o que essa associação tem feito, porque é ASSOMÚSICOS, que deve apresentar a Direção Geral Cultura, quais são os músicos que existem, visto que há associação”, disse a ministra da educação, cultura e ciências, Isabel de Abreu.

Quando interpelada sobre o caso em especial do João Seria, a ministra da educação, cultura e ciências apontou a falta de meios financeiros para a preservação do seu legado, mas admitiu pensar em coisas concretas.

“A preservação do legado de um cantor não é assim tao fácil, isso exige meios, exige uma organização que nós temos que por exemplo, organizar um festival em honra de João Seria, convidar os cantores, mas essa organização tem despesas, que neste momento nós estamos com problemas de despesas, porque os cantores que também vêm atuar, eles querem ser pagos”, ressaltou Isabel de Abreu.

Quando em vida, o cantor já havia reclamado por muitas vezes a falta de reconhecimento por parte do Estado são-tomense.

João Seria através das suas músicas carregadas pela sua voz sonante, contribuiu para a promoção e preservação das línguas nacionais de São Tomé e Príncipe, e projetou país pelos quatro continentes.

A nova geração de músicos e cantores têm tentado não deixar a sua voz e legado cair no esquecimento.

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