O Presidente República considera que a situação económica e financeira do país, associada à falta de acordo com o Fundo Monetário Internacional exige envolvimento de todos, e prometeu tudo fazer para envolver as “forças vivas da nação”, incluindo a oposição, demarcando-se da posição do primeiro-ministro que responsabiliza a oposição pela situação do país.
“Eu penso que essa questão é tão transversal, que ultrapassa a competência dos órgãos de soberania. Nós precisamos do envolvimento de todos e eu não pouparei esforços em tentar envolver o máximo de colaboração ou pedir o máximo de colaboração das forças vivas da nação, porque o momento económico-financeiro que o país atravessa é sério. Então exige de todos ponderação, esforço, dedicação e energia para ultrapassarmos esse momento”, defendeu Carlos Vila Nova.
No aeroporto, na quarta-feira, no regresso da cimeira Coreia-África, quando instado a esclarecer se incluía a oposição quando se referia a todos, Vila Nova sublinhou que “a oposição não estando a suportar o Governo”, contribui para uma boa governação “e ela tem que ser associada a esse processo”.
Durante uma conferência de imprensa no sábado, o primeiro-ministro disse esperar “que a oposição tenha uma atitude mais responsável” porque governou até Novembro de 2022, quando afirma que o programa com o FMI “descarrilou”.
“O descalabro das reservas, o facto de não termos divisas é responsabilidades daqueles que hoje estão na oposição”, apontou Patrice Trovoada que acusou de “estar a lançar o veneno” e “na calada da noite” estar com os parceiros “a difamar o Governo para que os parceiros desconfiem” das suas ações.
Quando questionado se ponderou chamar a oposição para a mesa das negociações com o FMI, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada descartou esta hipótese, admitindo que poderiam vaticinando que “até o FMI pode ficar mal disposto de ver a cara daqueles que não respeitaram o acordo com eles”.
Questionado se também iria recomendar ao primeiro-ministro envolver a oposição face às declarações do chefe do Governo, o Presidente da República respondeu: “É uma decisão que me cabe. A agenda do Presidente da República não depende de nenhum outro órgão, portanto, se eu tiver que chamar a oposição, chamarei oposição”.
Na terça-feira o presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD, lançou “veemente apelo” e desafiou técnicos e académicos a esclarecerem o povo sobre os números e a situação económica do país.
“Quero instar, quero pedir as universidades, a associação dos economistas, contabilistas, outros estudiosos, nacionais e internacionais para pegarem nesse dossier […] para poder, tecnicamente falar com maior propriedade, talvez com maior credibilidade do que os políticos porque os números não mentem”, apelou Jorge Bom Jesus.
“Concordo com a necessidade de intervenção de todos e no que dependerá de mim todos estarão envolvidos”, assegurou hoje o Presidente da República.
Segundo Patrice Trovoada, “as pistas de solução” apresentadas “para as contas baterem certo” passam pelo aumento do combustível em 30%, aumento da eletricidade em 20% e do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) em 2%, além da necessidade de um parceiro para “financiar a taxas concessionais uma grande parte da importação de combustível”.
“Isso é uma pista, mas não nos traz a solução”, sublinhou Patrice Trovoada, que esteve reunido na semana passada com a missão técnica do Fundo que esteve no arquipélago.