A Casa das Artes, Criação, Ambiente e Utopias (CACAU) acolheu na sexta-feira, 28, uma apresentação performance denominada “Raiz de Micondó” que enalteceu os idosos de países, do grupo Cacau Teatro, no âmbito do Festival Teatral que se enquadra na X Bienal de Artes e Cultura que decorre em São Tomé e Príncipe.
A apresentação foi inspirada no livro da escritora são-tomense, Conceição Lima, intitulado “As dolorosas Raízes de Micondó”, uma obra que retrata a história de “San Malanza, estigmatismo dos idosos, das pessoas que são conotadas de feiticeiros por fazerem curandeirismo ou por serem médicos tradicionais”.
“Estamos aqui a mostrar da nossa forma de ver o mundo e ver as coisas que o curandeiro sempre nos acompanhou nas nossas histórias, sempre tivemos pessoas que entendem de raízes, pessoas que entendem de medicamentos tradicionais, e elas sempre foram as mais velhas, sempre foram os idosos, sempre foram os cotas a resolver, a aconselhar, a solucionar coisas”, disse Dério Quinto, em representação do grupo.
“E como dizia no poema de San Malanza, velha, pobre, feiticeira, então aqui era para quebrar muito isso e aqui colocamos a San Malanza numa posição de divindade”, acrescentou.
Quinto considerou que esta apresentação “pode marcar o início de várias noites” de entretenimento em São Tomé e Príncipe.
“São grandes espetáculos, trabalhos fantásticos de nacionais e de nacionais com orientação estrangeira e aconselho todos a virem e diversificarem um bocadinho o leque do entretenimento, porque nós sabemos qual é o leque do entretimento em São Tomé, se não é música é discoteca ou noites jovens, então estas [apresentações] podem marcar o início de novas noites e novas atividades”, disse Dério Quinto.
Várias individualidades e representantes de entidades estrangeiras no país, marcaram a presença neste festival teatral.
“É ótimo esta bienal ter esta componente de teatro para além de tudo aquilo que tem apresentado mais na área da arte visual [e] o teatro é uma componente importante e também ao fim ao cabo permite mostrar aquilo que São Tomé e Príncipe tem conseguido desenvolver nesta área”, frisou a embaixadora de Portugal em São Tomé e Príncipe, Cristina Moniz.
A X Bienal de Artes e Cultura de São Tomé e Príncipe decorre no país até 25 de julho, sob o lema “A (re)descoberta de Nós” – da História ao Património Comum, das Utopias ao Futuro” e conta com a participação de artistas e coletivos de mais de uma dezena de países, nomeadamente de Cabo Verde, Togo, Gabão, RDCongo, França, Portugal, Holanda, Angola, Senegal, São Tomé e Príncipe, Inglaterra e Brasil.