A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) está a apoiar São Tomé e Príncipe a melhorar a recolha e tratamento dos dados sobre o turismo para impulsionar o desenvolvimento do setor, tendo realizado um workshop de dois dias para para diferentes instituições ligadas a esta temática.
A informação foi avançada pelo coordenador residente das Nações Unidas em São Tomé e Príncipe, Eric Overvest na abertura do “seminário sobre o potencial do setor do turismo em São Tomé e Príncipe e a necessidade crítica de dados de qualidade para impulsionar o seu desenvolvimento” realizado na terça e quarta-feira.
Segundo o representante da Organização das Nações Unidas (ONU) a ação de dois dias resultou de um pedido do Governo são-tomense através do Ministério da Economia “para desenvolver capacidade técnica na recolha e análise de dados turísticos”.
“Trata-se de um primeiro passo crucial para permitir que São Tomé e Príncipe estabeleça a sua conta satélite nacional do turismo, que proporcionará uma imagem clara dos impactos diretos e indiretos do setor do turismo na economia, promoverá um melhor planeamento setorial e melhorará o impacto do turismo no tecido socioeconómico nacional”, apontou o represente da ONU.
Eric Overvest sublinhou que “a existência de dados estatísticos precisos, oportunos e abrangentes é essencial para a conceção de políticas e estratégias eficazes de apoio ao desenvolvimento do turismo”.
“O turismo representa um caminho promissor para São Tomé e Príncipe diversificar a sua economia, criar emprego e alcançar um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável. No entanto, realizar esse potencial exigirá superar desafios significativos e investir na colheita de dados de turismo de alta qualidade para orientar a formulação de políticas baseadas em evidências”, apontou o represente da ONU.
Eric Overvest referiu que apesar de “uma base muito tímida”, as chegadas de turistas internacionais cresceram consistentemente de 2010 a 2019, atingindo um pico de quase 36.000 visitantes em 2023 e em 2019, “o turismo proporcionou emprego para cerca de 14% da força de trabalho” em São Tomé e Príncipe.
Para o responsável, o arquipélago “tem uma excelente oportunidade para se expandir significativamente como um hotspot de ecoturismo”, tendo em conta “os incríveis recursos naturais, históricos e culturais”, nomeadamente “a sua oportunidade para o turismo marinho e costeiro” que permanecem “em grande parte inexplorados”.
Destacou ainda a ilha do Príncipe enquanto Reserva da Biosfera da UNESCO, a rica biodiversidade e as paisagens cativantes do país, combinadas com a sua localização estratégica que “fazem dela um destino de ecoturismo promissor”.
“Além disso, o compromisso de São Tomé e Príncipe com a paz, a democracia e a segurança numa região que enfrenta uma crescente instabilidade política constitui um ponto de venda único para atrair visitantes. O seu pequeno tamanho também apresenta uma vantagem, pois investimentos estratégicos no turismo podem elevar rápida e significativamente o cenário económico de todo o país”, acrescentou o representante da ONU no arquipélago.
O ministro da Economia de São Tomé e Príncipe, Disney dos Ramos, destacou a necessidade de “dados estatísticos precisos e atualizados” e anunciou que o Governo quer criar um “sistema integrado de estatística nacional de turismo” com o envolvimento de várias instituições.
“O setor turístico tem o potencial de atrair investimentos, fomentar o crescimento dos negócios locais, de gerar emprego, contribuindo para o aumento das receitas nacionais”, apontou Disney dos Ramos.
O ministro da Economia são-tomense referiu que “o Governo elegeu o turismo como um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento económico e social” do país e sublinhou que este setor “já desempenha um papel relevante” na economia, “contribuindo significativamente” para o Produto Interno Bruto (PIB) “e sendo uma das principais fontes de divisa”.