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Ilha do Príncipe será palco da próxima Bienal de Artes e Cultura de STP

Bienal

A Região Autónoma do Príncipe vai acolher a próxima edição da Bienal de Artes e Cultura de São Tomé e Príncipe (XI) sob o lema “Patrimónios em Trânsito”, com expetativa de “revelar-se numa das mais ambiciosas edições da bienal do arquipélago”, anunciou o promotor deste maior evento cultural do país, João Carlos Silva durante o Podcast da ONU.

Porque temos aqui a dupla insularidade, temos que levar várias coisas ao Príncipe, temos que levar gentes para o Príncipe para começar a criar [condições] com seis, nove meses ou um ano de antecedência e depois porque queremos aproveitar para falarmos de vários patrimónios que o Príncipe tem, mas levar os patrimónios que São Tomé tem”, disse o coordenador da bienal em São Tomé e Príncipe, João Carlos Silva.

Em fevereiro do ano passado, São Tomé e Príncipe submeteu pela primeira vez à UNESCO a lista indicativa para uma candidatura a património mundial, que será escolhida entre parques naturais e roças, num processo que deverá ser concluído em dois anos.

A lista indicativa de patrimónios naturais inclui os parques naturais Obô de São Tomé e da ilha do Príncipe, sendo que a lista dos patrimónios culturais engloba as Roças Monte Café e Água Izé, em São Tomé, e a Roça Sundy, na ilha do Príncipe.

O potencial histórico e cultural da Roça Sundy destaca-se como o local onde se comprovou a teoria da relatividade de Albert Eisntein, em 1919, enquanto a Roça Água Izé foi o epicentro da cultura do cacau, no século XIX, e a Roça Monte Café pela cultura do café, no século XVIII.

A ideia é que em 2026 já teremos algumas informações mais concretas ou então alguma novidade especial sobre a candidatura de alguns patrimónios de São Tomé e Príncipe, e então como somos todos patrimónios em trânsito, nós vamos ter a oportunidade de potencializar este interposto cultural que é São Tomé e Príncipe” das mais variadas dimensões, frisou.

A Bienal de Artes e Cultura de São Tomé e Príncipe, foi fundada em 1995 na Roça São João dos Angolares, com o apoio da Embaixada de Portugal na altura chefiada por António Franca.

Remontamos à 1995, porque a utopia é a semente de desenvolvimento e encontrei um diplomata de carreira [António Franca] que deveria ser mais tarde chefe da casa civil do Presidente da República, Jorge Sampaio que aceitou uma aventura, aceitou correr riscos e nós tivermos vários artistas portugueses nessa altura e alguns artistas do continente africano e com algumas peripécias pelo meio”, disse Silva. 

Segundo João Carlos Silva “a grande imagem da primeira bienal” ainda continua guardado “num grande quadro pintado a mão pelo saudoso e amigo Armando Anunciava, que faleceu 15 dias depois de ter saído de São Tomé com malária cerebral”.

Este quadro mostrava uma árvore a chorar e então nós estávamos já preocupados nessa altura com ecossistemas, com meio ambiente com as coisas todas ligadas ao clima e as alterações climáticas e depois o que acontece é que a bienal acaba por ser um sucesso, ma enfrenta outro problema, um golpe de estado, o primeiro golpe de estado em São Tomé e então nós tivemos artistas que não podiam sair [porque] o aeroporto estava fechado e nós levamos quase três anos a pagar uma dívida colossal [no hotel] Residencial Avenida e acabamos felizmente por pagar esta dívida e só reataríamos a bienal já com o outro foco”, precisou.

João Carlos Silva é um dos chefes mais conhecidos nos países que partilham o português como língua oficial. Além do seu percurso na gastronomia, Silva é também um dinamizador cultural e um embaixador da gastronomia são-tomense. É chefe de Cozinha na Roça São João dos Angolares. Nasceu em Angolares, em São Tomé, em 1956.

Silva através da Associação Roça Mundo, é coordenador da Bienal de Artes e Cultura de São Tomé e Príncipe, considerado o maior evento cultural e artístico realizado pelo país, que une vários artistas de países amigos e da sub-região africana.

Este ano, a décima edição Bienal de Artes e Cultura de São Tomé e Príncipe realiza-se sob o lema “À (re)descoberta de nós”, com a participação de cerca de uma centena de artistas provenientes de vários países do mundo.

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