A direção do Hospital Central garante que a paciente Diamila Salvaterra, que morreu esta segunda-feira, após esperar por mais de dois meses para ser transferida para Portugal, teve o “melhor cuidado possível” e a sua morte não está relacionado “com a suposta falta de oxigénio, ausência de ambulância em Lisboa ou outras alegações semelhantes” que têm sido divulgadas.
Em comunicado emitido na tarde desta terça-feira, o diretor geral do Hospital refere que “a situação envolvia apenas a patologia da paciente, seu estado clínico que não permitia uma viagem segura, e disponibilidade das companhias aéreas para prestar o serviço”.
Virgílio Mandinga assegura que “desde a sua admissão” no serviço de urgência, “a paciente foi atendida por uma equipa médica multidisciplinar que se dedicou integralmente ao seu tratamento” e que a mesma “apresentava um quadro clínico complexo […] que foram regularmente partilhados com os familiares”.
O diretor do hospital refere que “foram realizados exames e tratamentos especializados, sempre buscando o melhor cuidado possível, de acordo com os meios disponíveis” e que “devido à gravidade do quadro clínico, houve necessidade de organizar uma evacuação médica urgente para um centro de referência em Portugal”.
Diz ainda que “durante este processo, a condição crítica da paciente, que tinha dependência contínua de oxigénio, representou um desafio adicional para a realização da evacuação, pois as companhias aéreas passaram a exigir botijas de oxigénio de peso inferior as que estavam disponíveis no país”, por isso não tendo sido possível resolver o tema com a STPAirways, iniciou-se contactos com a TAP que veio depois a aceitar a viagem da paciente.
A direção do hospital diz que “infelizmente, a situação clínica [da paciente] evoluiu tendo a mesma falecido a escassos dias da data marcada para a evacuação, causando dor e frustração a todos os que durante esse período de hospitalização, cuidaram da mesma e trabalharam incansavelmente para encontrar uma alternativa para a sua evacuação segura”.
A paciente Diamila Salvaterra, de 34 anos e mãe de 4 filhos, estava internada há cinco meses, após ser diagnosticada com uma doença chamada Fibrose Pulmonar, tendo recebido uma junta médica há quase dois meses para ser transferida para tratamento em Portugal, mas não saiu do país porque, segundo os familiares, as autoridades não providenciaram o oxigénio necessário para a paciente durante a viagem.
Na semana passada, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, garantiu que o governo estava a “acompanhar com caráter de urgência” a situação da paciente Diamila Salvaterra, assegurando que a paciente não tinha sido transferida por causa de alterações de regulamentos impostos às companhias aéreas e que as autoridades nacionais ainda não tinham se adaptado.
A paciente faleceu na tarde desta segunda-feira, no Hospital Central, e os familiares imputaram responsabilidades ao Governo pela demora na transferência da paciente para Portugal onde poderia ter recebido melhor acompanhamento médico.
“Depois de pressão o chefe de Governo de São Tomé e Príncipe orientou à ministra da Saúde para dar as diligências. Verdade que não fazia sentido estás diligências até porque a única saída seria um voo da TAP”, escreveu Danilo Salvaterra nas redes sociais.
Na publicação feita no sábado, Salvaterra acusou a embaixada de São Tomé e Príncipe em Portugal de não ter dado as diligências necessárias para a paciente viajar no voo da TAP do último sábado,
“A embaixada não deve ter dado diligências ou não tem dinheiro para pagar a ambulância do aeroporto de Lisboa ao hospital. Liguei várias vezes para a responsável do sector, deixei mensagens, até porque havia tanta gente a querer ajudar. Nunca atendeu e nem fez questão de responder as mensagens. Que país é esse que nem as palavras do primeiro-ministro para assuntos tão simples é fiável!”, criticou Danilo Salvaterra.