O rapper são-tomense, Ermelindo Pereira, conhecido artisticamente como “OKAPA”, disse que a sociedade são-tomense precisa evoluir para aceitar o estilo “rap” no país, considerando que “é um estilo musical que ainda não é abraçado pelo público são-tomense em geral”.
“Toda vez que venho a São Tomé e Príncipe, eu sinto isso nas festas, nos ambientes que eu vou, mesmo nas rádios, há um estilo certo de música que toca mais no país, como Kizomba ou música da terra”, disse o artista em entrevista à RSTP.
OKAPA sublinhou que o “rap ainda não está introduzido na sociedade” são-tomense, nem mesmo nos meios digitais como a internet.
“As pessoas não veem muito o nosso conteúdo […] a maioria das pessoas que veem são pessoas que estão fora”, acrescentou.
O artista entende que “enquanto não houver a mudança de mentalidade”, esse estilo musical não será evoluído no país, enquanto o país não estiver “adaptado para fazer a população conhecer estes cantores ou fazer festivais com cantores são-tomenses, sem ser cantores estrangeiros”.
Por outro lado, o rapper são-tomense defendeu a necessidade de “união” entre os rappers nacionais como o primeiro passo para a realização de um “concerto rap” em São Tomé e Príncipe, uma ideia que já tinha partilhado com o seu colega, Lafinese, mas que ainda não chegou a concretizar.
“Podemos até buscar o apoio, mas primeiro tem que haver união dos cantores […] tem que haver união dos rappers e dos cantores em si […] mas a ideia é a união principalmente porque ainda estamos a pecar neste ponto, mas se houver a união por parte dos cantores que cantam rap, é o primeiro passo para fazer outras coisas, porque para fazer um concerto de rap, precisa de toda gente”, disse OKAPA.
“Se é um concerto de rap, tem que ter todos os rappers”, acrescentou.
OKAPA, é um rapper e artista musical natural de São Tomé e Príncipe que se destaca no panorama musical desde os seus primeiros passos no mundo do rap aos 12 anos de idade.
Licenciado em Gestão de Recursos Humanos, o artista encontrou na música uma forma de expressão e conexão com o seu público. A sua jornada musical teve início no grupo K.S.S, em que partilhava o palco com colegas de escola, rappers que admirava profundamente.
Durante os eventos conhecidos como “Sexta-feira Jovem” no Padrão (Em São Tomé), onde ocorriam famosas batalhas de rap, OKAPA conquistou a atenção do público. Um dos seus momentos de destaque foi quando desafiou ao vivo o conhecido “G Da Wella”, um dos rappers mais respeitados da época, um teste que solidificou sua presença nas noites jovens.
Com o passar do tempo, OKAPA formou o seu próprio grupo, STP KILLERS, ao lado do amigo Joel Santos (JK). Embora tenham lançado algumas músicas que alcançaram a rádio, a qualidade das produções limitou por algum tempo o seu progresso no cenário musical.
O marco na sua carreira ocorreu em 2015, com o lançamento da sua primeira mixtape intitulada “My Wave” que foi recebida de forma positiva. Com algumas músicas mais populares que outras, este projeto refletiu o seu talento e potencial.
Após este lançamento, uma pausa de 3 a 4 anos se impôs devido aos compromissos académicos e pessoais, mas essa interrupção foi fundamental para o seu crescimento como artista.
Pronto para retomar a sua carreira, OKAPA lançou recentemente a segunda mixtape intitulada “Rapper Licenciado”, que inclui 13 faixas e conta com várias colaborações e videoclipes, marcando assim a sua reentrada no rap game em grande estilo.
Além da sua carreira musical, OKAPA destacou-se também em 2019 com um projeto colaborativo com a Unicef, onde lançou uma faixa dedicada à prevenção do Covid-19, visando a sensibilização social.
Com cinco singles publicados, quatro deles acompanhados de videoclipes, incluindo sucessos como “Show Me Your Body”, “Whisky com Gelo”, “100 Colega” e “TDT (Tinta dos Trinta)”, OKAPA almeja agora continuar a sua trajetória no rap, levar o nome de São Tomé e Príncipe para o mapa e solidificar ainda mais a sua presença na cena musical.