O Comité Paralímpico de São Tomé e Príncipe tem se dedicado a garantir a inclusão e a participação de atletas com deficiências, promovendo o desenvolvimento do desporto paralímpico no país, onde tem trabalhado com mais de 40 atletas deficientes ao nível do país, com intuito de prepará-los para competições nacionais e internacionais, incluindo os Jogos Paralímpicos.
O Estádio Nacional 12 de Julho, um dos principais centros de treinamento do país, abriga muitos destes atletas, com destaque para as mulheres, que representam uma parte significativa da equipa.
A atleta Adilesia da Trindade, por exemplo, é uma das mais novas promessas no atletismo. Deficiente visual (classe B13, com campo visual reduzido, mas com alguma visão), a jovem atleta tem se dedicado à modalidade e busca destacar-se no cenário internacional.
“Eu sempre gostei de praticar o atletismo, e a inspiração surge após ver outros atletas a correr e ganhar competições representando o nosso país, como Alex dos Anjos e Gorete Semedo”, disse a jovem atleta.
Além de Adilesia, João Carlos Mendes da Silva, conhecido como “Lelo”, é outro exemplo de esforço e dedicação. Lelo é um atleta paralímpico especializado no lançamento de peso, e, há cerca de três anos, tem trabalhado intensamente para representar São Tomé e Príncipe e conquistar medalhas em competições internacionais.
O seu foco principal, é melhorar cada vez mais e manter-se em forma para alcançar o sucesso nas competições.
“Quando eu comecei aqui eu não tinha muito tempo de lançamento, só estava a lançar um ou dois metros, e agora já estou a conseguir cinco metros e o objetivo é chegar sete metros para ter medalhas e agora tenho que trabalhar mais”, disse Lelo à RSTP.
“Desejo também representar São Tomé e Príncipe ao nível de lançamento de peso, porque é o meu sonho representar o país [nas competições internacionais] e trazer medalhas, e até então, estou a trabalhar para isso”, acrescentou o atleta.
Os treinamentos no Estádio Nacional são realizados sob a orientação de professores especializados, incluindo Simão Carvalho, que é treinador de atletismo com mais de 40 anos de experiência na formação de atletas e promoção do desporto no arquipélago.
“Nós programamos os treinos aqui todos os dias com os atletas, com muitas dificuldades, porque o país tem muita necessidade e obviamente a parte desportiva sempre sofre, nós temos estado a trabalhar normalmente com alguns apoios, principalmente do Comité Paralímpico Internacional e de algumas entidades que têm nos ajudado […] embora pouco, mas é com este pouco que estamos a trabalhar e a desenvolver as nossas atividades”, afirmou o professor Simão Carvalho.
Apesar das dificuldades, os atletas paralímpicos de São Tomé e Príncipe têm alcançado bons resultados e buscam constantemente melhorar os seus desempenhos.
“Para que um atleta paralímpico possa participar nestes tipos de competições é necessário eles serem classificados, e essa classificação para nós é difícil, porque nós somos obrigados a ter de participar em competições internacionais onde se faz a classificação de acordo com as suas especialidades”, disse Carvalho referindo que “este é o grande desafio” que o comité enfrenta.
“Porque temos de investir em algumas competições, onde nós podemos levar estes jovens atletas para poderem se classificar, agora é necessário haver apoio e este é um apelo que eu lanço à nação, quem puder nos apoiar para podermos participar nestes meetings internacionais onde nós vamos classificar os nossos atletas”, completou.
O Comité Paralímpico do país já esteve presente em três edições dos Jogos Paralímpicos, nomeadamente, Rio 2016, Tóquio 2020 e Paris 2024, sempre com a representação de Alex dos Anjos na modalidade de atletismo.
A trajetória destes atletas é um reflexo do esforço coletivo para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades no desporto, levando a bandeira de São Tomé e Príncipe ao mundo.