A Associação dos Jogadores de Futebol de São Tomé e Príncipe (AJFSTP) estão indignados com o estado do desporto rei no arquipélago e apelou a união de todos os atletas do país para mudar o paradigma da prática do futebol em São Tomé e Príncipe o mais rápido possível.
Em entrevista à RSTP, o Presidente da organização e ex-capitão da seleção nacional Derilson das Neves, mais conhecido por “Avô” e o Secretário-geral da Associação, Girael Nunes “Gi” que foi guarda-redes do Vitória do Riboque, consideraram que os jogadores em São Tomé e Príncipe “estão a ser sacrificados” sem o mínimo de “respeito, amor e carinho” por parte dos dirigentes, que são apontados como os principais culpados pelo estado atual do futebol no país.
“Eu vivi e ainda vivo o futebol em São Tomé e Príncipe e eu vi que os jogadores não são respeitados, mesmo ao nível das equipas, mesmo na seleção nacional, então há uma desmotivação grande ao nível dos atletas”, declarou Avô.
“Os nossos dirigentes têm que sentar e saber o que eles querem para o futebol em São Tomé e Príncipe, porque um dirigente não pode pegar o futebol e fazer a sua vida”, acrescentou o presidente da Associação dos Jogadores de Futebol de São Tomé e Príncipe.
A falta de recursos, a má gestão e as infraestruturas inadequadas são alguns dos problemas apontados pela organização, que clamam por um maior investimento no desporto e mais oportunidades para os atletas locais.
No entanto, para tentar mudar a situação, é necessário que “os jogadores se inscrevam na Associação e estejam mais unidos, de forma a ganharem respeitos, amor e carinho”, segundo o secretário-geral da AJFSTP, Girael Nunes.
“Se nós continuamos a olhar para estes dirigentes, futebol em São Tomé e Príncipe vai acabar, porque eles não estão preocupados melhorar o futebol no país, mas sim estão preocupados em resolver seus problemas pessoais, e os atletas é que continuam lesados, não podemos continuar nisso, porque o valor que entra para o país para investir no futebol não tem nada a ver com aquilo que eles gastam durante um ano”, vincou.
“Mas para que isso possa mudar, contamos com apoio dos jogadores”, acrescentou.
Nunes afirmou que a organização tem enfrentado diversas dificuldades para tomar algumas medidas, devido a falta de inscrição dos atletas na associação.
“Nós já levamos ficha de inscrição para os campos [de futebol], falamos com os jogadores, deixamos ficha com os capitães dos clubes, mas mesmo assim nada [então] apelamos que os jogadores se inscrevam”, apelou.
A Associação dos Jogadores de Futebol de São Tomé e Príncipe (AJFSTP), foi criada em 6 de outubro de 2022, com o objetivo de defender os interesses dos atletas do futebol no arquipélago, promovendo mais intercâmbio entre os mesmos no desenvolvimento da modalidade ao nível do país.
No início deste ano, o novo presidente do Desportivo de Palmar, José Machado, conhecido por “Vuksilva” considerou que o futebol em São Tomé e Príncipe não evoluiu quase nada, admitindo que o desporto rei no arquipélago “parou no tempo” e lamentou o facto de as equipas, principalmente da primeira divisão, ainda continuarem a jogar em campos de barro.
Vuksilva precisou que é necessário “tirar as equipas da primeira divisão a jogar na terra abatida e passar para o estádio com relva sintética”, para o que o desporto rei no país comece a dar passos para o desenvolvimento.
Contudo, defendeu a mudança do estilo do campeonato de futebol em São Tomé e Príncipe, para uma competição de todos contra todos, um apelo que já foi lançado à Federação Santomense de Futebol por parte de alguns técnicos, principalmente, do atual treinador do Trindade FC, Denylson Cunha que precisou que há que “repensar num novo modelo do campeonato ao nível de São Tomé e Príncipe” para que este desporto rei venha a desenvolver no arquipélago são-tomense.
A Federação recebe anualmente da FIFA 700 mil dólares e da CAF 300 mil dólares, além de outras contribuições para vários programas de desenvolvimento do futebol, mas o dinheiro não serve o desporto rei no país, segundo os clubes no país.
No entanto, a nova época futebolística no país terá o seu arranque no dia 25 de janeiro de 2025, com o jogo da supertaça António Aguiar entre AgroSport de Monte Café (campeão nacional) e o Sport Operários e Benfica (vencedor da taça de São Tomé e Príncipe).