A jovem empreendedora são-tomense, Leise dos Santos, criadora da marca “Kelê – etiqueta africana”, tem desenvolvido um projeto há mais de 3 anos, denominado “Ngama”, (gamela, em português), destinado a produção de estampas africanas que identifica o povo são-tomense.
“Porque de facto nós não temos um tecido africano, então o meu objetivo é esse, é de vir para São Tomé, com algo de concreto”, declarou a empreendedora em entrevista à RSTP.
“Para quem não sabe, Ngama significa ´gamela`, porque gamela criou muitos filhos de São Tomé, gamela é a nossa máquina em São Tomé, quando nós falamos de gamela, dar-se entender que gamela é só para as mulheres, mas não é só para mulheres, porque estamos a falar da mulher, porque faz-se muito uso, mas nós não podemos esquecer do homem quem cria, porque o homem é que faz e depois é utilizado na cozinha, no nosso dia a dia, é utilizado para nós lavarmos a nossa roupa, etc, gamela é a nossa identidade, por isso que o nome é a Ngama”, acrescentou.
Leise dos Santos que esteve em São Tomé, encontrou-se com diversos membros dos órgãos de soberania, onde foram apresentados os primeiros exemplares daquilo que será a marca que representará a identidade são-tomense, muitos deles com a escrita dos “50 anos da Independência Nacional”.
“[Eles] gostaram, só pelo facto de nós não termos, também é uma iniciativa, porque é importante nós criamos um símbolo para identificar-nos de outros povos. Eu acredito que na sua maioria, quase que todos os países africanos e não só, tem um pano algo que identifica esse povo, e São Tomé e Príncipe, nós infelizmente não temos, se calhar, já tínhamos no passado, mas isso acabou”, disse.
“Porque também fiz uma pesquisa para saber se já existiu, ou se tem algo que eu poderia dar continuidade, algumas amostras, algo que eu poderia inovar, mas de facto infelizmente nós não temos, e é o primeiro projeto, uma vez que São Tomé e Príncipe também vai fazer 50 anos, então ajuntei o útil e ao agradável e coloquei os 50 anos no pano”, adiantou Leise dos Santos.
A empreendedora afirmou que trouxe vários modelos para o país para serem apresentados, considerando que cabe agora as autoridades decidirem “de facto aquilo que precisam ou que se identificaram mais”.
“Estamos a falar de um projeto que vai permanecer, mas que vai sempre inovar, vamos sempre criar vários modelos, de momento como é no início também trouxe várias opções, mas tudo depende das entidades, mas é algo mesmo que vai permanecer”, garantiu.
A empreendedora revelou que um dos seus objetivos “é ter uma estampa africana para o ensino pré-escolar”. Segundo Leise dos Santos, a ideia já foi levada a ministra da Educação, Cultura, Ciência e Ensino Superior para ser analisada, de forma que nos próximos anos, os mais novos tenham um uniforme ao estilo africano, exclusivamente, são-tomense.
“Porque tem os mais pequeninos e se nós começamos a implementar os valores, é muito importante, então em vez de nós usamos aquelas batas que nós não sabemos a origem, que tal nós implementamos ou trabalhamos com as nossas estampas, uma vez que já existe, então essa é a minha preocupação também, vamos ver”, precisou.
A expetativa é que o projeto seja implementado ainda este ano, segundo a empreendedora são-tomense.
“Porque já tenho um caminho feito, porque vir até aqui e trazer já as amostras, é um bom sinal, porque eu trouxe algo de concreto e com várias opções, então eu acredito que ainda este ano vamos ter já as estampas disponível no país”, avançou.
Em maio do ano passado (2024), Leise dos Santos, criadora da marca “Kelê – etiqueta africana” inaugurou, em Portugal, a sua primeira loja de roupas africanas e outras peças diversificadas, para dar aos clientes um espaço físico “onde a arte, o belo e a estética se encontram sob o aspeto de elegância”.
Em junho do mesmo ano, a marca Kelê-Etiqueta Africana, vestiu os artistas cabo-verdianos Supa Squad e Soraia Ramos, e o elenco que participou no vídeo clip da música “Povo” que alcançou mais de 100 mil visualizações no Youtube, numa parceria que “fortalece a presença da Kelê-Etiqueta Africana no mercado”.
A marca Kelê – Etiqueta Africana, foi fundada em 2022, onde os trabalhos começaram a ser divulgados e dados a conhecer através das redes sociais, diversas plataformas de comunicação social e nas várias feiras e desfiles de moda que a marca participava e organizava.