A Polícia Judiciária são-tomense deteve hoje o advogado Miques João Bonfim por suspeita de abuso sexual de uma menor de 11 anos, disseram à RSTP fontes judiciárias.
Segundo uma das fontes, Miques João Bonfim, conhecido pela defesa dos civis do assalto ao quartel de 25 de novembro, estava a ser investigado há algum tempo pela suspeita de abuso sexual da irmã da sua mulher, que vivia ao cuidado do casal.
Na quarta-feira, a alegada vítima, que tem agora 15 anos, e sua mãe vieram a público denunciar o advogado, alegando que o Ministério Público não estava a avançar com o processo.
“Quando eu tinha 11 anos, meu cunhado [Miques João] abusou de mim, me ameaçou para eu calar a boca. Se eu falasse, ele ia matar toda a minha família, e quando eu tentava falar ele batia na minha irmã. Uma vez ele bateu na minha irmã, espremeu-lhe o pescoço, e ela foi parar até o hospital. Então, a segunda vez que ele tentou abusar de mim, eu saí de casa a correr para a rua”, relatou a alegada vítima.
A menor disse que contou o o que se passou a uma das sobrinhas de Miques João Bonfim, mas que esta a aconselhou a não o denunciar, para proteger o casamento da irmã.
A mãe da menor reforçou a denúncia contra Miques João Bonfim e saiu em defesa de um jovem que diz estar a ser injustamente acusado por Miques João Bonfim pelo abuso sexual da menor.
Numa declaração em direto na rede social Facebook, na terça-feira, Miques João Bonfim, que tem a inscrição suspensa pela Ordem dos Advogados, negou a acusação e afirmou estar a ser alvo de uma cabala política a mando do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada.
“Infelizmente, São Tomé e Príncipe ficou assim, as pessoas são compradas, as pessoas são pagas, as pessoas são mesquinhas ao ponto de se dar ao luxo e venderem-se para ganhar dinheiro e pôr em causa a imagem, o bom nome e a integridade das pessoas”, acusou.
A mulher de Miques João Bom Bonfim, irmã da alegada vítima, também negou que tivessem ocorrido os abusos.
Miques João Bonfim é um advogado contestatário do sistema judicial e judiciário são-tomense que assumiu a defesa do único civil acusado e condenado no processo do assalto ao quartel militar de 25 de novembro de 2022, que resultou na morte de quatro homens que estavam sob a custódia do militares.
Desde então tem feito várias acusações públicas contra magistrados, políticos e outros advogados que considera estarem a violar as leis em defesa do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, bem como contra as chefias militares acusadas no processo, mas que até ao momento não foram julgadas.