A artista plástica são-tomense, Catarina Neto está a representar o país na residência artística que decorre em França, onde vem explorando diferentes técnicas de pintura, num evento que reúne criadores de diferentes partes do mundo e oferece aos participantes um ambiente propício à experimentação e ao desenvolvimento de novas linguagens visuais.
Segundo a artista em entrevista à RSTP, esta residência surge na sequência da primeira realizada no ano passado em Gabão, na qual tem contribuído para o crescimento da sua carreira.
“A residência em França está sendo mais longa, porque são dois meses e quinze dias, mas está sendo uma experiência muito boa, é um país diferente, um país enorme, um mundo da arte. Tive a oportunidade de conhecer vários lugares artísticos, como museus, galerias, artistas famosos, então, está sendo uma experiência muito boa para mim”, declarou Catarina Neto à RSTP.
No dia 14 do mês em curso, a artista apresentou os seus trabalhos, que retrata a vida da mulher enquanto mãe solteira em São Tomé e Príncipe. Segundo Catarina Neto, foi uma exposição coletiva que contou com a participação de outros 4 artistas, dentre eles, está o são-tomense, Émerson Quinda, uma moçambicana e duas gabonesas.
“Eu apresentei algumas obras com temas ligados a mulher, porque foi isso que trabalhei durante a residência. [As obras retratam] os problemas que elas enfrentam no dia-a-dia, o preconceito que leva muitas delas a terem baixo estima, estarem desempregadas, porque não é fácil uma mulher criar filhos sozinhas sem apoio do pai”, disse a artista plástica são-tomense.
“É um tema muito sensível para mim, porque faz parte da minha realidade. A minha mãe é uma figura materna e paterna para mim e para as minhas irmãs. Os meus trabalhos é mais ou menos isso. Eu sempre trabalho com temas sensíveis para as mulheres”, assinalou.
Catarina Neto Barroso nasceu em 24 de maio de 2002 em São Tomé. Desde os seis anos, apaixonou-se pelas artes plásticas, descobrindo um talento que a destacava na escola, onde sempre era selecionada para fazer os desenhos no quadro. Sua mãe e amigos a incentivaram a seguir a sua paixão pelo desenho e pela pintura.
Em 2017, matriculou-se no curso de Artes Visuais na Escola Secundária Liceu Nacional de São Tomé, onde concluiu com sucesso os estudos em 2020. No mesmo ano, ingressou numa escola informal de artes, onde, com a ajuda dos professores e colegas, descobriu diferentes técnicas de desenho e pintura.
Seu talento foi notado, e ela foi selecionada para participar na exposição virtual “Universo Feminino” organizada pela Associação Feminina de São Tomé e Príncipe, Mén Non. Posteriormente, fez parte de outro grupo de artistas que expôs seus trabalhos no Centro Cultural Português e no espaço CACAU, em São Tomé.
Em 2023 participou numa exposição na Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe. Em 2024, foi selecionada para participar na residência “Duvangu” em Libreville, cidade do Gabão. No mesmo ano participou na X Bienal de Artes e Cultura de São Tomé e Príncipe.
Este ano (2025) fez a sua primeira exposição individual na Aliança Francesa de São Tomé e Príncipe com o tema “O Grito Mudo”. Meses depois foi selecionada para participar na residência artística “Duvangu Poush” em França, na qual encontra-se presente neste momento.
Nos últimos anos, Catarina Neto tem explorado diferentes técnicas de pintura e busca sempre inovar, considerando-se uma artista versátil que tem como objetivo trabalhar em diversos temas ligados a sociedade.
Para além da sua carreira artística, Catarina Neto também se destaca no ramo militar, exercendo o posto de primeiro-cabo da Marinha\Guarda Costeira de São Tomé, onde segundo a mesma, conta com o apoio e incentivo do Comandante da Guarda Costeira, Capitão de Mar-e-Guerra, Armindo Rodrigues e dos seus colegas de trabalho.