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Independência: “A justiça tem sido um dos promotores da instabilidade política neste país” Carlos Neves

CARLOS NEVES

O historiador, Carlos Neves, fez um balanço negativo dos 50 anos de independência de São Tomé e Príncipe, apontando que o mau uso da justiça tem promovido a instabilidade cívica, política, e em todos os sectores, o que tem influenciado negativamente o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe.

Carlos Neves que acompanhou o processo da independência, como no caso da criação da Associação Cívica pró-MLSTP, Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe, analisa os aspectos sociais que têm colocado em causa o desenvolvimento do país.

“Falhou primeiro a construção do estado. E eu quando falo da construção do estado, falo dos alicerces fundamentais como a justiça que não funciona no nosso país, infelizmente. Eu alerto, porque a vivência tá a nos indicar isso. A justiça tem sido um dos promotores da instabilidade política neste país. Da instabilidade política, cívica e tudo. A justiça não funciona”, frisou.

De acordo com o historiador, a gestão económica é também um dos pontos que tem falhado no país, e que era necessário garantir que o “processo produtivo não caísse”.

Carlos Neves, ressaltou também ser importante dar atenção à população, na criação de medidas que melhorem a vida dos são-tomenses.

“50 anos depois o balanço é negativo. É preciso que todos agora tenham consciência que é preciso discutir de forma aberta o país”, afirmou.

“Em 12 de julho fizemos uma transferência de poderes, isto não significa que estivéssemos suficientemente organizados para dirigir um país, uma nação. E 50 anos depois, nós podemos fazer o balanço. Tínhamos a necessidade de construir um estado. Um estado de liberdade, de respeito e que respondesse a aqueles gritos de liberdade”, ressaltou o historiador.

O historiador referiu que existem áreas como a “justiça, administração pública, saúde, economia” incluídas no processo da independência, nas quais não foram “devidamente equacionadas”, o que tem limitado o desenvolvimento do país.

Neves citou a necessidade de criação de oportunidades para “discutir sem pressão a situação do país”.

“Vamos avançar com situações com movimentos mais construtivos”, apelou.

Apesar das repetidas falhas ao longo destes 50 anos, o historiador referiu que “valeu a pena termos adquirido a independência”, e que estas falhas podem ainda ser corrigidas.

“Valeu a pena nós termos a independência, […] era preciso colocarmos um fim naquele regime. A construção do novo regime tem tido grandes falhas e isso pode ser corrigido de alguma forma”, sublinhou.

Durante a entrevista o historiador descreveu os processos ligados à independência e os avanços alcançados pelo país ao longo dos 50 anos. 

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