Os economistas são-tomenses afirmam que a situação macroeconómica do país não alterou ao longo das décadas, embora os progressos alcançados no domínio social, enquanto o Presidente da República apelou à participação da sociedade para a “resolução dos problemas económicos, de modo a gerar soluções para a criação de postos de trabalho, em particular para jovens”.
“Embora os importantes progressos conseguidos no domínio social, que nos levou a ser elegível pelas Nações Unidas no grupo dos países de rendimento médio, os os problemas estruturais da economia são-tomense não se alteraram ao longo destas décadas”, declarou economista Osíres Costa, porta-voz do Fórum dos Economistas de São Tomé e Príncipe, que se realizou na quarta-feira, 9.
O economista apontou também alguns indicadores que fundamentaram a constatação desta situação económica de São Tomé e Príncipe.
“Estima-se que somente 7% do Produto Interno Bruto dedica-se à captação da riqueza externa, 98% da produção energética resulta de fontes térmicas. Os níveis de IDE são baixíssimos e o financiamento bancário concentra-se em sector de atividade económica que não agregam valores, com possibilidade de perpetuar a dependência do comércio externo”, acrescentou.
O coordenador residente das Nações Unidas, Eric Overvest, considerou que este fórum foi uma espaço de análise e construção coletiva de soluções para os desafios do desenvolvimento do arquipélago.
“O país enfrenta um desafio urgente acelerar a sua transformação estrutural. É certo que os eventos recentes abalaram o processo de desenvolvimento e expuseram fragilidades, mas também é verdade que as crises criam oportunidades de renovação e permitem-nos tirar lições aprendidas”, ressaltou.
O Presidente da República, Carlos Vila Nova, que fez a abertura deste fórum, reforçou a urgência e a necessidade de debater sobre os problemas do subdesenvolvimento económico do país e encontrar-se soluções.
“O nosso país oferece estabilidade política e social e coloca-nos como sendo de baixos riscos políticos e sociais. As políticas públicas nos sectores socioeconómicos precisam de instrumentos adequados para o debate, planeamento, controle e a consequente medição dos impactos, por isso mais uma vez a importância deste tipo de evento onde se fazem presente especialistas em questões sociais económicas particularmente em políticas públicas”, sublinhou o chefe de estado.
O presidente apelou também por uma participação ativa dos cidadãos.
“Qualquer sociedade deve incorporar nas suas preocupações socioeconómicas as contribuições da sociedade civil organizada e os debates públicos sobre os mecanismos pendentes para a resolução dos problemas económicos, de modo a gerar soluções para a criação de postos de trabalho, em particular para jovens, e isso só será possível com o envolvimento da sociedade civil organizada e forte”, defendeu, Carlos Vila Nova.
A constatação dos economistas nacionais, contraria o diagnostico recente do Banco Africano de Desenvolvimento, que apontou o país tem tido “crescimento económico” apesar de ser “muito fraco”, mas com perspectivas para melhorar, apesar de “incertezas” face aos riscos internacionais.
“A situação macroeconómica tem bastante incertezas, por causa dos riscos internacionais, mas, em princípio [é] moderadamente otimista. Estamos vindo de uns anos com um crescimento económico muito fraco, mas, querendo que as perspectivas para isso melhore“, disse Pepe Pedrosa, economista sénior do BAD.
O Terceiro Fórum dos economistas de São Tomé e Príncipe decorreu no Banco Central e foi realizado no âmbito dos 50 anos da independência nacional, sob o lema, “50 anos de políticas públicas, avaliação dos impactos, constrangimentos e perspectivas”.