Rádio Somos Todos Primos

COP30 no Brasil enfrenta impasses, críticas da ONU e pressão por avanços concretos na agenda climática

COP30

A COP30, que decorre em Belém, no estado brasileiro do Pará, entrou numa fase decisiva após uma primeira semana marcada por falta de consensos, alertas da Organização das Nações Unidas e forte pressão de países vulneráveis para que as negociações avancem de forma “concreta e urgente”.

Segundo a CNN Brasil, os debates sobre financiamento climático, adaptação e metas de redução de emissões continuam travados devido às divergências entre países desenvolvidos e nações em desenvolvimento. Negociadores relataram que “o clima das conversações endureceu” e que há risco real de a conferência terminar sem resultados significativos, caso não haja flexibilização nas posições mais rígidas de ambos os blocos.

A ONU enviou uma carta oficial ao governo brasileiro apontando falhas de infraestrutura, segurança e logística na organização da COP30, incluindo relatos de portas sem fechadura, equipes de segurança insuficientes e áreas de circulação vulneráveis. A carta, divulgada pelo portal Terra, também menciona problemas como alagamentos e falta de condições adequadas em alguns setores destinados às delegações.

As críticas aumentaram a pressão sobre os organizadores, já que a conferência decorre num momento de grande visibilidade internacional para o Brasil, que tenta consolidar-se como liderança global nas negociações climáticas.

A presença de povos indígenas tem sido um dos elementos mais marcantes da conferência. Em atos simbólicos dentro e fora da arena principal, diferentes etnias exigem maior participação nos processos decisórios e denunciam ameaças às suas terras e modos de vida. A cobertura do El País destaca que manifestantes entoaram a frase “Nossa terra não está à venda”, num protesto que interrompeu parte da programação da COP30.

Líderes indígenas também criticam a pressão económica sobre territórios amazónicos e pedem que os países signatários do Acordo de Paris assumam compromissos mais rigorosos para a preservação da floresta tropical.

A Agência Brasil reporta que financiamento climático, transição energética e adaptação concentram as discussões mais complexas da conferência. Países em desenvolvimento defendem que não podem elevar suas metas sem garantias reais de investimento, enquanto países ricos cobram maior ambição e transparência.

O debate sobre adaptação também ganhou destaque adicional após ondas de calor registradas em diferentes continentes. A Reuters noticiou que os episódios extremos motivaram o compromisso internacional de US$ 300 milhões para investigação em saúde climática, reforçando a ligação entre o clima e a saúde pública global.

Um relatório citado pelo The Guardian aponta que a COP30 reúne um número recorde de lobistas da indústria de combustíveis fósseis mais do que todas as delegações nacionais, exceto a do Brasil. A presença massiva destes representantes suscita preocupações sobre interferência nos acordos e enfraquecimento das medidas de mitigação.

Com negociações intensificadas, espera-se que a presidência da COP30 e a ONU consigam construir pontes entre os lados mais divergentes. A segunda semana será decisiva para destravar compromissos de financiamento e avançar sobre o texto final, que deve definir o rumo da ação climática global para a próxima década.

Caso impasses persistam, especialistas alertam que a COP30 poderá repetir o padrão de conferências recentes, com discursos fortes, mas avanços insuficientes para manter o objetivo crítico de limitar o aquecimento global a 1,5 °C.

Exit mobile version