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“Nós sabemos que há corrupção e a corrupção está generalizada em São Tomé e Príncipe” – Levy Nazaré

O recém-eleito presidente do Movimento Basta, Levy Nazaré, afirmou que a “corrupção está generalizada” e prometeu em São Tomé e Príncipe, e prometeu reformar a Justiça, admitindo a presença de magistrados estrangeiros nos tribunais para administrar a justiça no país.

“Nós sabemos que há corrupção e a corrupção está generalizada […] então porquê que nenhum caso de corrupção consegue chegar ao fim e com condenação?” questionou Levy Nazaré.

Em entrevista à RSTP, no último sábado, 15 de novembro, Levy Nazaré referiu um caso de 2017, em que o ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Silva Gomes Cravid, denunciou o seu assessor por tentativa de corrupção ao entregar-lhe envelopes com avultadas somas financeiras para alterar uma decisão judicial sobre a Cervejeira Rosema, mas até ao momento não houve informações sobre a conclusão do processo.

Levy Nazaré, que é jurista e advogado de profissão, considerou que “um dos grandes males” de São Tomé e Príncipe é, “infelizmente”, o facto de “a justiça não estar a ajudar o país a sair do fosso em se encontra”.

“Já há muito tempo a esta parte que a política entrou num órgão tão importante que são os tribunais, a Justiça e o Ministério Público”, sublinhou.

Neste sentido, defendeu a reforma da Justiça, admitindo a necessidade de ajuda de magistrados estrangeiros, nomeadamente da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), para administrar a justiça nos tribunais são-tomenses durante cinco a 10 anos, enquanto acompanham os magistrados nacionais.

“Não me choca e não está em causa nenhuma soberania, ter projetos de cooperação com outros países, principalmente da CPLP para virem magistrados para São Tomé”, defendeu o líder do Movimento Basta.

Levy Nazaré que é deputado e foi vice-presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe durante duas legislaturas (2014 – 2022), também defendeu reformas no parlamento, passando, nomeadamente, pela redução do número de deputados e possibilidade de eleição de pessoas da sociedade civil “que não queiram fazer política partidária”.

“Não justifica e tendo em conta os nossos parcos recursos hoje, ter uma Assembleia tão pesada como está […] [deve-se] diminuir o número de deputados, mas melhorar a questão salarial e as condições”, sublinhou Levy Nazaré.

Também defendeu uma reforma inclusiva nas Forças Armadas, que deverá ser transformada “numa força ao serviço do desenvolvimento”, através das engenharias para criar infraestruturas, fim do serviço militar obrigatório, aposta na guarda costeira e aumento do salário para quem decidir integrar à instituição.

Sobre a situação política, económica e social, Levy Nazaré admitiu que São Tomé e Príncipe “não está bem”, mas descartou uma moção de censura ao Governo.

“Nós todos sabemos que o país está mal, mas o país não está mal só agora […] não faz sentido haver uma crise política a oito, nove meses das eleições, não faz sentido pedir uma moção de censura para este Governo”, sublinhou.

Assumindo-se como candidato do partido ao cargo de primeiro-ministro nas eleições de 2026, Levy Nazaré, destacou que o projeto político do Movimento Basta visa “unir a família são-tomense”.

“Basta veio para unir a família são-tomense e apaziguar a sociedade, que estava muito crispada e continua a estar até hoje, e encontrar sinergias para poder conversar, independentemente de as pessoas terem os seus partidos e as suas ideias”, precisou.

“A nossa ambição é ganhar as eleições. Nós vamos partir para a pré-campanha no próximo ano com a ambição de chegar ao Governo e materializar a proposta que vamos apresentar ao país”, acrescentou Levy Nazaré.

Levy Nazaré foi eleito presidente do movimento Basta no dia 25 de outubro, em lista única que tem como o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Salvador dos Ramos, como um dos vice-presidentes, e elegeu o ex-presidente do parlamento Delfim Neves, como presidente honorário.

O Movimento Basta surgiu em 2022 e elegeu dois deputados.

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