Governo retoma requalificação de hospital com 17 milhões de dólares do Fundo Kuwait

“No máximo seis meses o hospital, na sua forma futura, estará desenhado e será lançado o concurso” para construção, explicou o presidente do comité diretor do projeto.

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O Governo são-tomense assinou, na quinta-feira, um acordo de consultoria para elaboração de novo estudo de requalificação e modernização Hospital Central Doutor Ayres de Menezes utilizando 17 milhões de dólares do Fundo Soberano do Kuwait, foi anunciado.

O acordo de consultoria foi assinado entre o ministro da Saúde, Edgar Neves, e o diretor das operações da empresa kuwaitiana Al-Abdulbadi Engineering Consultancy (AEC), Ali Ibshara.

Edgar Neves considerou que a retoma deste projeto é de “extrema importância para o povo de São Tomé e Príncipe”, realçando que o projeto “ultrapassa a barreira do quadro sanitário e toca no desenvolvimento do país e no turismo”.

“No máximo seis meses o hospital, na sua forma futura, estará desenhado e será lançado o concurso para que uma empresa depois venha fazer as obras”, explicou o presidente do comité diretor do projeto, Tomás Vera Cruz.

Em declarações aos jornalistas, o responsável sublinhou que o Hospital Doutor Ayres de Menezes vai ser reabilitado com base nos recursos disponíveis “para responder às necessidades de saúde que existem”, considerando que “é ilusório as pessoas pensarem que com 17 milhões de dólares se constrói um hospital novo”.

“Não é possível”, disse, acrescentando que “um hospital com 120 camas e devidamente equipado custa acima de 60 milhões de dólares ”.

Até março do próximo ano será apresentado o projeto de requalificação onde serão identificados “os problemas existentes” permitindo que se aproveite as “infraestruturas que existem, criar novas estruturas e melhorar a funcionalidade” do hospital.

O Governo do ex-primeiro-ministro Patrice Trovada já havia pago uma parte de valor a uma outra empresa para execução desta tarefa, mas o atual Governo de Jorge Bom Jesus disse que não conseguiu retomar aquela negociação.

Segundo o acordo assinado hoje, a nova consultora kuwaitiana vai trabalhar em parceria com uma empresa são-tomense, por solicitação do Governo.

“Quanto melhor for a coordenação de trabalhos entre a equipa de consultores e a equipa nacional, quanto melhor for a resposta do fundo do Kuwait e do Governo às preocupações que as duas equipas tiverem, mais rápido o hospital vai ser feito”, explicou Tomás Vera Cruz.

Em 2016, o Governo do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada assinou com o fundo do Kuwait um acordo de empréstimo no valor de 17 milhões de dólares para reabilitação, construção de novas infraestruturas e aquisição de equipamentos para o maior hospital do país, mas até ao final do seu mandato aquele executivo não fez obras.

Acusações de atos de corrupção marcaram a campanha para as eleições legislativas de 2018. A oposição ganhou o escrutínio e o Governo saído das eleições moveu um processo-crime contra o anterior executivo alegando o desaparecimento do valor.

Américo Ramos, ex-ministro do Plano, Finanças e Economia Azul e subscritor do acordo foi preso preventivamente durante cerca de quatro meses, entretanto posto em liberdade, num processo que veio a ser arquivado pelo Ministério Público.

Em dezembro de 2019, Ahmad Al-Mujalham, um representante do fundo do Kuwait, deslocou-se à capital são-tomense a pedido das autoridades e garantiu que o empréstimo de 17 milhões de dólares contraídos pelo Governo do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada continuava disponível, mas ainda assim as obras do hospital não tiveram início.

Na semana passada, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Wuando Castro, disse no parlamento “que este processo é complexo”, mas que o Governo iria trabalhar no sentido apresentar avanços.

No início do mês, também o Presidente da República, Carlos Vila Nova, se referiu a este processo quando fez a sua primeira visita ao Hospital Central Doutor Ayres de Menezes.

Na altura o chefe de Estado disse que abordou o assunto num encontro com o primeiro-ministro onde viram que “é necessário juntar sinergias e resolver este problema”, considerando que “não se entende que ao longo de três anos” esta verba estivesse inscrita no Orçamento Geral do Estado, mas as obras não aconteceram.

A cerimónia de assinatura do novo acordo de consultoria para a reabilitação e modernização do Hospital Central Doutor Ayres de Menezes foi testemunhada pelo ministro das Infraestruturas, Osvaldo Abreu, e pelo ministro das Finanças, Engrácio da Graça.

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