PM:”Muitos gostariam que eu fizesse as coisas de forma atabalhoada para cair na Assembleia”

“Isso não é o Governo anterior, que tinha 33 deputados oriundos de uma mesma bancada – uma equipa homogénea”, realçou, admitindo que a remodelação “atabalhoada” do Governo poderia pôr em causa a continuidade do acordo de coligação parlamentar.

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Jorge Bom Jesuss

O primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus admitiu hoje que a remodelação do Governo tem sido adiada pela falta de entendimento entre os partidos da coligação parlamentar que poderá levar o Governo a cair na Assembleia Nacional.

“Sei que há uma grande expectativa a este nível e eu não sou inocente (…), mas é como eu disse: brevemente saberão”, disse Jorge Bom Jesus, durante uma conferência de imprensa de balanço dos três anos do XVII Governo, que hoje se assinala.

A precisamente um ano de terminar o mandato, o chefe do Governo referiu que tem consciência que o seu tempo “está a escassear”, mas disse que “há uma série de parâmetros” que tem colocado sobre a mesa, tendo em conta o “mosaico que constitui esta governação” sustentada por uma margem mínima de 28 deputados numa coligação, na sequência das eleições legislativas de 2018.

Bom Jesus tinha revelado à agência Lusa, em setembro passado, que depois da posse do novo Presidente da República, Carlos Vila Nova (no início de outubro), iria anunciar uma remodelação governamental.

“Isso não é o Governo anterior, que tinha 33 deputados oriundos de uma mesma bancada – uma equipa homogénea”, realçou, admitindo que a remodelação “atabalhoada” do Governo poderia pôr em causa a continuidade do acordo parlamentar entre o seu partido, Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP/PSD) e a coligação PCD-MDFM-UDD, que suporta o executivo no Parlamento.

“Eu sei que muitos gostariam que eu fizesse as coisas de forma atabalhoada para muito mais rapidamente cair na Assembleia Nacional por falta de deputado (…) só tenho 28 (risos), a minha vida não é fácil!”, precisou.

No entanto, Jorge Bom Jesus garantiu que está a encarar o assunto “com muita responsabilidade”, tendo revelado que há muita gente a declinar o seu convite para assumir funções no executivo que entrou na reta final de mandato.

“Há muita gente que faz apelo à remodelação. No momento que nós batemos à porta a essas pessoas (…) nessa altura, nem toda a gente tem essa coragem, esta determinação. Não pensem que isso é assim tão fácil de assumir, sobretudo nesta reta final”, explicou.

O primeiro-ministro esclareceu que a nomeação do novo ministro da Defesa e Ordem Interna “não está dependente desta remodelação”, revelando também que tem tido dificuldade de encontrar alguém que “encaixe no lugar”.

“Há um buraco que existe e que tem que ser colmatado. Eu neste momento estou a acumular interinamente [a pasta da Defesa e Ordem Interna] e devem calcular o volume de trabalho que tenho […] isso vai ser rapidamente colmatado”, garantiu o primeiro-ministro.

O antigo ministro da Defesa e Ordem Interna, Óscar Sousa, foi exonerado em agosto, na sequência de um pedido de Bom Jesus, que considerou que aquele revelara “nos últimos dias, alguma incapacidade para o exercício pleno das suas funções”. Na altura, o partido Ação Democrática Independente (ADI) acusou o então governante de ter protagonizado uma tentativa de golpe de Estado.

Jorge Bom Jesus tomou posse em 03 de dezembro de 2018 como primeiro-ministro e chefe do XVII Governo Constitucional de São Tomé e Príncipe, substituindo no cargo Patrice Trovoada, que chefiou o governo de maioria absoluta da Ação Democrática Independente, entre 2014-2018.

A ADI venceu as eleições legislativas de outubro de 2018, com 25 dos 55 assentos no parlamento são-tomense, mas não conseguiu formar executivo, tendo então o MLSTP (23 eleitos) e a coligação PCD/UDD/MDFM (cinco deputados) feito um acordo com incidência governativa, formando a chamada ‘nova maioria’ que suporta o Governo de Bom Jesus.

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