Governo “pressiona” ajuda internacional, mas diplomatas dizem que “está dificil”

“A situação não é fácil. Nós estamos a atravessar momentos difíceis”, disse o embaixador da Guiné Equatorial, enquanto porta-voz dos diplomatas.

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Jorge Bom Jesus, primeiro-ministro

O Governo são-tomense reuniu hoje com o corpo diplomático acreditado no país para “pressionar” o cumprimento de promessas de ajudas para resolver os problemas causados por fortes chuvas de dezembro e fevereiro, mas diplomatas disseram que “a situação está difícil”.

O primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, acompanhado pelo ministro das Finanças, Engrácio Graça, e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Edite Ten Jua, reuniram-se, no palácio do Governo, com o corpo diplomático acreditado no país, incluindo a coordenadora das Nações Unidas, “para pressionar um bocado mais” o cumprimento das promessas.

Há algumas promessas que foram feitas que ainda não foram cumpridas. As populações não podem esperar. Nós temos que dar respostas”, afirmou o primeiro-ministro, após as fortes chuvas que, na sexta-feira, voltaram a causar destruição de ponte e inundação de residências no distrito de Lembá, no norte da ilha de São Tomé.

No final do encontro de hoje, o embaixador da Guiné Equatorial, Poulino Bololo afirmou que “há vontade, mas são situações difíceis para todos”.

“A situação não é fácil. Nós estamos a atravessar momentos difíceis. Estamos ainda numa situação de crise sanitária que tem também grandes efeitos na economia entre os países, mas há vontade. Há missões que têm avançado alguma informação sobre a possibilidade de apoio. Nós estamos a espera de que apareçam possibilidades reais para efetivar estas promessas”, explicou o embaixador da Guiné Equatorial, enquanto porta-voz dos diplomatas acreditados em São Tomé e Príncipe.

Há pelo menos seis pontes que deverão ser reabilitadas no distrito de Lembá, incluindo a Ponte de Ribeira Funda que desabou no início da semana passada condicionando a circulação de transportes pesados que fornecem combustível a Empresa de Água e Eletricidade (EMAE) e aos postos de comercialização ao público.

 “Estou bastante triste e desolado, porque muitas vezes há alguma impotência quando a gente quer resolver os problemas, mas por falta de recursos não os consegue resolver. Vamos fazer tudo, tudo, tudo que estiver na nossa responsabilidade […] para que as populações vejam os seus problemas resolvidos”, disse o primeiro-ministro, prometendo que vai “continuar a pressionar” os parceiros.

O ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais, Osvaldo Abreu, apelou as empresas de construção civil para “suspenderem” os interesses comerciais e apoiar o Estado “a diminuir o sofrimento das pessoas” nesta fase em que faltam verbas nos cofres do Estado.

“Há momentos que as pessoas precisam que a parte comercial, embora necessária, não deve ser coloca a frente das nossas intervenções para ajudar as pessoas. Como todos sabeis, o Estado demora, mas paga […] agora o povo precisa dessas empresas para que com as suas máquinas nos a desassorear os rios, a limpar as cidades, a permitir a passagem de pessoas e bens e conjuntamente irmos atendendo as questões de pagamento”, disse Osvaldo Abreu.

No entanto, o ministro das Infraestruturas explicou que o Banco Mundial disponibilizou 4.5 milhões de dólares como primeira ajuda para a recuperação das pontes sobre o Rio Lembá, Brigoma e Paga Fogo, no distrito de Lembá.

“Nós insistimos que essas intervenções são importantes, mas existem outras imprescindíveis para este pouco dinheiro que nós tínhamos, entre elas Ribeira Funda e Contador. Como é que nós vamos intervir na [ponte do Rio] Lembá se as máquinas pesadas não conseguem passar pela [ponte do Rio] Contador?” questionou o ministro das infraestruturas.

No sábado, o ministro garantiu que estavam asseguradas a circulação em Ribeira Funda, através de uma via provisória, após o desabamento da ponte local, garantindo igualmente o abastecimento de combustiveis para a capital, incluindo à EMAE, evitando cortes de energia ou rotura nos postos de comercialização ao público.

Após as enxurradas causadas pelas fortes chuvas que assolaram São Tomé e Príncipe em dezembro do ano passado, o diretor do Instituto Nacional de Estradas (Inae), Gabdulo Quaresma, revelou que desde 2009 que foi realizado um estudo em que se constatou a “necessidade de intervenção em todas as pontes do país, num total de 166 pontes”, considerando “a situação crítica em que elas se encontravam e que poderiam colocar em causa a segurança quanto à circulação de pessoas e mercadorias”.

Na altura, o responsável do Inae referiu que era urgente realizar intervenções em pelo menos 10 pontes, necessitando de um orçamento acima de 12 milhões de euros para o efeito.

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