Sociedade -

Canábis, a planta que deixou os candidatos chapados

Um dia, o ministro da agricultura apresentou-nos uma possibilidade financeira, um negócio lucrativo para o país: licença para produção de canábis em São Tomé e Príncipe. Ele falou das cifras, falou da importância e todos pareciam achar interessante a proposta na época.

De algum modo, o jogo mudou quando um candidato acusou o outro de estar recebendo dinheiro do narcotráfico para as campanhas e o “povo esclarecido” entendeu que se queria fazer os jovens fumarem mais erva. O mesmo povo que não se preocupa com jovens sem saúde, educação e  emprego.

A nossa classe de génio percebeu desde o início que a liamba é a causa de toda a violência em São Tomé e Príncipe. Mas não o álcool, não a pobreza, não a falta de políticas públicas – enfim, um vilão!

Mais do que isso, o ministro falou da legalização da produção por parte de uma empresa e não da legalização do consumo, mas isso não importava mais, estamos em campanha. Tudo faz parte do arsenal político. Se o povo não gostou da ideia, faz sentido os candidatos defenderem o mesmo em nome do voto.

Logo de seguida, o governo lavou as mãos e os candidatos seguiram a mesma rima de sempre. Eram todos contra: Porquê?  – boa parte diz que não temos estrutura de controle, o que de facto concordo, mas se é de uma empresa estrangeira que se fala, não creio que a empresa estaria ok em perder lucros para deixar os jovens “brisados”. Os mesmos defensores, passam do lado de tendas de cacharamba e acreditam que o estado tem estrutura para controlar o álcool sem medição feita em balde com pilhas para acelerar o processo de fermentação da cana-de-açúcar. Deixamos de ter cacharamba, todo mundo vende “cana-cana” natural.

E se a mesma empresa quisesse instalar uma destilaria, seríamos contra? Estaríamos contra o álcool de qualidade e controlado? Ou não teríamos estrutura para controlar? Mais do que isso, a empresa estaria disposta a perder o lucro para embriagar a juventude? Ou o Estado diminuiria os impostos sobre a importação de álcool (como de facto fez) para estimular o consumo? Deveríamos acusar a Rosema que já embriagou todo o judiciário de corromper a juventude? Ou a Mé-zochi de produzir cacharambas sem medidas básicas de higiene (como de facto ocorreu)?

Bem, se forem ao site da PlantoMax, veremos que já falam que estão a produzir em São Tomé e possuem um escritório aqui. Ou eles estão mentindo ou existe um lobby já bem feito e o ministro precisa nos explicar isto.

Por fim, quais são os argumentos contra o plantio? São argumentos morais apenas. E qualquer jovem sabe que com um telefonema terá a seu cachimbo da paz em frente a sua casa em alguns minutos. Que tal controlar o mercado em vez de deixar como está para ver como fica? Do ponto de vista económico estou mais preocupado com o controle tributário do que com o plantio, não podemos nos esquecer, segundo o próprio Estado, Rosema passou anos em sonegação, como praticar tal ato sem a anuência do próprio Estado? Se o Estado diz que não obriga ninguém a beber legalizando o álcool, estaria obrigando alguém a fumar legalizando o “plantio da erva”?

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