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Os são-tomenses em Cabo Verde avançam para a assinatura de uma petição pública

Comunidade são-tomense em Cabo Verde

Comunidade

A comunidade são-tomense em Cabo Verde reuniu-se no dia 17 de julho de 2016 para comemorar os 41 anos da independência do arquipélago no Arquivo Histórico de Cabo Verde, tendo sido organizado um encontro subordinado ao tema “As relações entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe”.

O encontro contou com a participação de quadros deste país em Cabo Verde, nomeadamente técnicos e professores, de estudantes e de outros profissionais do setor público e privado.

Na sua intervenção, o Diretor do Serviço de Acompanhamento Macroeconómico e Estatísticas do Ministério das  Finanças de Cabo Verde, Dr. Hamilton Cabral, abordou o tema do papel dos descendentes cabo-verdianos de segunda e terceira geração na viragem da história. Na sua opinião, “os jovens precisam de acreditar mais no país“, devendo deixar o passado para trás e pensar no desenvolvimento futuro do arquipélago. Este processo deverá ser feito na base do diálogo, da assunção de comportamentos responsáveis e recorrendo às vias da cooperação institucional. Os direitos e deveres dos cidadãos devem ser levados em consideração para as políticas do país. O interveniente frisou que o desenvolvimento do arquipélago passa também por aqueles que se encontram na diáspora, afirmação que visa desconstruir a repetida tese de que muitos quadros não regressam ao país para darem as suas contribuições.

O Dr. Jerónimo Xavier Sousa Pontes foi outro palestrante que se debruçou sobre os desafios da imigração para Cabo Verde e sobre o direito ao voto, tendo sido precisamente “imigração“, “direito” e “voto” as palavras-chave da sua comunicação. Segundo ele, há que primeiramente compreender o papel da imigração e da emigração a partir da realidade de Cabo Verde, através de um olhar de fora para dentro e vice-versa. Frisando que o país não se encontrava preparado para a imigração, mas que se foi preparando paulatinamente, declara que hoje em dia existem, cada vez mais, condições para aqueles que o escolhem como destino.

Como são-tomense, Jerónimo Pontes apela a uma associação mais organizada que represente realmente a comunidade e que faça chegar as suas preocupações aos dirigentes do país, de modo a que sejam encontradas soluções. A comunidade deve agir, assim como os governantes, e aprender com a experiência dos cabo-verdianos.

Por último, o diplomata e investigador cabo-verdiano Doutor Corsino Tolentino versou o tema “São Tomé e Príncipe e Cabo Verde: as relações político-diplomáticas entre os dois arquipélagos”. Em primeiro lugar, traçou uma apresentação geral do país, desde a política até à economia, passando pela administração e pelas organizações internacionais, nomeadamente as missões diplomáticas acreditadas no país e vice-versa. Divulgou dados estatísticos nacionais, sobretudo no que respeita à religião e às instituições do ensino superior existentes. Por último, referiu-se aos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), apontando em especial quais as metas que foram cumpridas e aquelas que não o foram. A situação político-social e económica do país reflete-se a partir destes objetivos.

A sua intervenção desenrolou-se em forma de diálogo, num ambiente de descontração, tendo Corsino Tolentino salientado que acima da determinação institucional está a determinação pessoal, e que esta é fundamental. O diplomata terminou com a seguinte questão: “Porque é que a desigualdade social aumenta e o país continua a ter um rendimento médio baixo?” e sublinhou que é necessário apelar ao debate desavergonhado, sério, com base na verdade.

Certas questões fomentaram debates durante o encontro, designadamente a importância de se refletir de que forma a comunidade são-tomense em Cabo Verde poderá contribuir para a mudança.

O ponto alto do evento, para além da exposição de Corsino Tolentino, centralizou-se na sensibilização da comunidade são-tomense em Cabo Verde para a assinatura de uma petição pública visando a instalação de uma embaixada neste país. É necessário alertar os dirigentes, uma vez que não se pode viver hoje apenas pela ação das propagandas políticas. Lembre-se que, na visita das autoridades no final do ano passado, foi prometida a instalação da embaixada em Cabo Verde para janeiro de 2016. Até ao momento, as entidades são-tomenses não voltaram a pronunciar-se sobre esta questão.

As eleições presidenciais de 2016 foram tema de uma mesa redonda, que teve como moderador o Dr. Disney da Silva e como analistas o Prof. Inácio Vera Cruz e o Engº Carlitos Pinheiro.

Após o momento de reflexão, a comunidade são-tomense em Cabo Verde teve um momento de confraternização no Alkimist para um almoço de convívio durante o qual foram premiados os vencedores do torneio alusivo aos 41 anos da independência de São Tomé e Príncipe.

Por: Adilson Neto

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