Adilson Correia, um jovem cabo-verdiano de 35 anos da ilha do Fogo, procurou a RSTP pedindo ajuda no sentido de encontrar dois irmãos que se encontram supostamente em São Tomé e Príncipe.
Adilson conta que o seu pai, Ildifonso Correia, também natural de Cabo Verde, viajou para São Tomé na década de 1960, á semelhança de vários outros cabo-verdianos, conhecido na altura como “contratados“, para trabalhar nas Ilhas Maravilhosas. Na Roça Água-Izé, foi pai de dois meninos, fruto da relação com Benvinda Pereira. Os dois filhos, “Alberto e Domingos Pereira Correia, deverão estar hoje com idades compreendidas entre os 44 e 47 anos“, conta Adilson. Este contou ainda que o seu pai, Ildifonso, faleceu no passado dia 22 de Janeiro deste ano.
Adilson espera assim conhecer os seus meio-irmãos, e tem vontade de conhecer São Tomé, a terra para onde o seu pai foi trabalhar e a terra natal de Domingos e Alberto.
Pede-se assim, a quem souber do paradeiro destes indíviduos que entre em contacto com RSTP ou com Adilson Correia, via Facebook.
Contactos : info@rstp.st ; Adilson Correia, contacto móvel -00 238 583 0673
“Cabo Verde vivia na altura um dos piores momentos. A seca e a fome que assolavam as ilhas obrigou a emigração forçada de muitos pessoas para as roças como forma de «escapar» à fome e à miséria.
Uma realidade que durou anos, entre 1922 até 1971, estima -se que cerca de 12 mil cabo-verdianos terão partido nesta triste aventura para o sonho de uma vida melhor nas roças de São Tomé e Príncipe.
Muitos nunca chegaram a regressar, outros tiveram mais sorte e voltaram à terra-mãe, embora não tivessem amealhado dinheiro suficiente que lhes permitisse uma vida melhor.
Os contratados só recebiam metade do salário enquanto estivessem nas roças. Este era um dos pontos que constavam do contrato de trabalho. A segunda metade do salário só era pago quando regressassem a Cabo Verde, que incluía ainda o dinheiro da viagem de regresso, feito em péssimas condições, em navios sem capacidade para transporte de pessoas num percurso tão longo.
Durante muitos anos este foi o destino de muitos cabo-verdianos: servir nas roças para não passar fome. Mas com a independência de São Tomé e Príncipe as coisas iriam mudar de cenário. A falência das empresas contratantes deixou os trabalhadores entregues à sua sorte. Sem recursos para voltar, obrigados a ficar, os problemas foram-se agravando e estes cabo-verdianos tiveram de recorrer a agricultura de subsistência para sobreviver, num clima de pobreza extrema.
Passados quase 90 anos desde a chegada dos primeiros cabo-verdianos a aquele arquipélago, hoje a realidade é bem diferente. Falta tudo ou quase tudo. Estima-se que cerca de 90 por cento da população santomense tem ascendência cabo-verdiana, mas muitos nem sequer têm o direito ao voto ou a participação política.
A viverem à margem da sociedade local, remetidos ao seu destino, ainda é nas roças que muitos encontrem o seu sustento. Odair Soares“