Aissatu Forbs, é presidente do Conselho Nacional da Juventude de Guiné-Bissau e Vice-presidente do Fórum da Juventude da CPLP. Na última sexta-feira, 29 de Março, foi convidada de Josimar Afonso, numa entrevista que marcou a estreia do programa “A Voz da CPLP” promovido pela RSTP.
Durante entrevista a jovem líder guineense, afirmou que “ a juventude da comunidade deve aproveitar esse ano 2019 porque, pela primeira vez a CPLP escolheu realmente aquilo que é a população que realmente pode trazer mudança na comunidade, que é a Juventude”.
A vice-presidente do Fórum da Juventude da CPLP defendeu que “a comunidade deve ser mais interventiva nos diferentes países”, e defendeu que “os jovens da comunidade devem interagir mais”. Forbs, disse que acredita na questão da “mobilidade como o verdadeiro impulso para coesão e unidade ao nível da CPLP” e que isto só será possível “se houver vontade política entre os diferentes Estados” mas mostrou-se reticente e considerou que neste momento “é prematuro” dizer se há esta vontade.
“Pelo o que eu vejo há sim uma melhoria” afirmou a jovem líder referindo que “para a comunidade ser mais presencial e mais ativa é preciso realmente que haja mobilidade entre os jovens”. Para isso os Estados precisam abster-se de atos que “o jovem sente como barreiras que realmente não permite a participação plena na Comunidade”. Um dos exemplos citado pela vice-presidente do Fórum da Juventude da CPLP terá acontecido “ na Bienal de Jovens da CPLP que foi realizado no ano passado em Portugal, há jovens da Guiné Bissau e de Cabo Verde também (que não foram) que a embaixada [de Portugal] não deu visto para participar numa atividade cultural e juvenil da Comunidade”. Ao nível da francofonia não existe esta barreira, pontuou a jovem líder.
Entretanto Aissatu Forbs disse que “temos [o Fórum da Juventude da CPLP] construído com o secretariado executivo da CPLP grandes passos à nível do Fórum”, tendo enaltecido o plano de ação da juventude que foi aprovado com a participação do fórum e está a ser executado este ano da qual contém “várias iniciativas e evento que possa realmente trazer grandes mudanças na comunidade” referindo ainda que “há passos visíveis” como por exemplo a “realização da escola de Jovens Líderes da CPLP, a Bienal que será em Angola e outras atividades como um projeto sobre o empreendedorismo que será realizado em todo espaço membros da CPLP, “estas iniciativas e projetos são importantes para fazer com que a comunidade seja mais ativa e os jovens consigam engajar e poder estar a participar plenamente na comunidade”.
A LIDERANÇA FEMININA (NA CPLP)
Aissatu Forbs é a primeira mulher a assumir a presidência do Conselho Nacional da Juventude de Guiné Bissau e está no segundo ano do seu mandato. Segundo ela “na nossa realidade [Guiné Bissau, as mulheres] são menos ativas. Mesmo as mais ativas, há preconceitos, no nosso crioulo nós dizemos matchundado, há estereótipos que os homens põem a volta duma mulher que faz com que mesmo tendo iniciativa de candidatar, por exemplo, não faz porque as vezes acha que vai ser perda de tempo, porque não vai ser eleita ou mesmo os homens não vão escolhe-la porque acham que o homem mais bem na posição de presidente ou possa realmente exercer melhor a posição do que a mulher”.
A Líder da Juventude de Guiné Bissau revelou que aceitou o desafio “não só para presidir, mas para trazer inovação no CNJ e mostrar que as mulheres também são capazes, como os homens, de assumir liderança e de realizar boas ações nas organizações”.
A jovem que também é Secretária-geral da Rede Oeste Africana de Jovens Mulheres Líderes acredita que deve-se apostar na educação para redução das barreiras e considera que “se as mulheres trabalharem em rede talvez podemos reduzir as desigualdades que existem”. Segundo ela “é mais difícil ser uma jovem líder nos países africanos do que nos países europeus”.
No quadro da CPLP, em 2016 o Fórum da Juventude já emitiu “recomendação aos países para promover espaços que favorecem ou permitem a participação das raparigas no processo associativo, além disso, segundo Aissatu Forbs, CPLP há um plano de ação sobre igualdade de género em que uma das ações é que todos os Estados membros assinem as leis que permitem a participação das mulheres e que reduzem as desigualdades que existem”.
A JUVENTUDE GUINEENSE E O PÓS ELEIÇÕES.
Numa altura em que os deputados eleitos preparam para tomar posse e constituir-se a Assembleia Nacional Popular da Guiné Bissau a jovem líder guineense espera que as últimas eleições possam dar um novo rumo ao seu país. Depois das várias demissões de governo verificadas nos últimos anos a líder do CNJ disse que “o povo já está cansado” e que neste preciso momento “estamos a precisar de estabilidade governativa”.
Aissatu Forbs diz que tem esperança nos próximos quatro anos e acredita que o próximo Governo do seu país vai ter mais mulheres e jovens do que em relação à 2014.
Como prioridades a serem atacadas pelo novo executivo a presidente do CNJ defende a necessidade de “reformas, na Justiça; na Administração Pública para que haja mais jovens no aparelho do Estado; e apontou também áreas sociais como a saúde e educação que são primordiais bem como a gestão racional e sustentável dos recursos naturais.”
Clique no link abaixo encontre a entrevista na íntegra que foi conduzida pelo jornalista Josimar Afonso, apresentador do programa a Voz da CPLP.