Mittinner Ramos é formado em Relações Internacionais. Além de português, fala fluente o Francês, Inglês e o Espanhol. Em entrevista ao programa Bate-papo santola da RSTP o jovem gay confessou que tem sido sufocado pela sociedade são-tomense. “O sufoco vem por parte de todos, até mesmo crianças por vezes chegam a irritar, logo eu digo é a sociedade em geral”. Mittiner disse que “a minha experiência [em São Tomé] não está sendo ótima nem tão pouco horrível de todo”.
“Eu nunca fui agredido, nunca fui escoltado” revelou o jovem que acusou a sociedade são-tomense de ser conservadora e hipócritas ao ponto de fingirem que aquilo [a homossexualidade] não existe. “Eu não vejo o mal que um homossexual é capaz de causar a uma sociedade” desabafou, acrescentando que “escolher alguém para amar, embora seja do mesmo sexo, eu não acho que seja algo horrível, ou crime ou uma aberração”.
“Eu sou excluído da sociedade” lamentou, o jovem gay, que revelou que vai deixar o país devido a pressão social. Mittiner encontra-se desempregado há oito meses e acredita que a principal causa é devido a sua orientação sexual. “Tenho imensas dificuldades em arranjar emprego” desabafou o jovem que contou a RSTP um triste episódio que viveu em S.Tomé na busca de emprego.
“Fui a uma entrevista o dono do lugar onde eu ia trabalhar garantiu-me que eu ia trabalhar no seu estabelecimento e inclusive eu comecei a fazer estágio no lugar dois dias, só que a esposa [do dono do estabelecimento] não sabia que eu era a pessoa que ia ser contratado e dias após ela apareceu no escritório e viu-me no lugar” contou Mittiner Ramos resumindo que “o comportamento dela para comigo foi homofóbico”. O jovem não quis especificar o nome do estabelecimento em causa, mas a RSTP, apurou que trata-se de um dos grandes estabelecimentos hoteleiros do país.
“Sou o único rosto [homossexual] que as pessoas sabem aqui no país” disse Mittiner que revelou ter organizado algumas iniciativas para incentivar os outros gays do país a assumirem a sua orientação sexual. Dentre as iniciativas, Mittiner disse que “nas Nações Unidas tive que apresentar um projeto com um amigo nigeriano [gay] relacionado com o Homossexualismo”, por outro lado o jovem disse ainda que “já fizemos trabalhos, já educamos pessoas, formadores [educadores] de pares”.
Mittiner Ramos e uma amiga já pensaram em realizar “uma parada gay no país de forma a quebrar o tabu”. No entanto o maior evento organizado pelo jovem gay e a sua amiga foi uma festa intitulada GLS (Gay, Lésbica e Simpatizantes) que, segundo Mittiner, “haviam por aí só dois gays […] haviam lá simpatizantes […] e a grande parte das pessoas que lá foram eram fofoqueiros só para saber quem é gay, quem é lésbica[…]”
Na sua mensagem final, Mittiner Ramos, apelou aos dirigentes e a sociedade são-tomense para que “sejam mais open mind” (mente aberta). O jovem gay conclui dizendo que “a homossexualidade não é doença como muita gente acha, não é nenhum vírus e nem é coisa de brancos como se costuma dizer”. Para Mittner a “homossexualidade é uma coisa super normal” e o “amor nunca deixa de ser amor, seja ele de homem para homem, homem para mulher, mulher para homem ou de mulher para mulher”.
“[…]Escrever sobre a homossexualidade em São Tomé é um assunto delicado” confessou Mário Lopes num artigo publicado em STP Digital .
Podes escutar a entrevista completa que foi conduzida por Guedes Medeiros no link abaixo.