Se foi a Grécia Antiga quem legou a Democracia para o mundo, também foi um dos seus maiores cérebros (Sócrates) quem mais discordava da Democracia como um modelo (coincidências?).
De algum modo, o oposto do que muitos possam acreditar , os políticos representam sim a média do país. Eles são votados pelo povo, o poder é do povo, só não se discute a formação ética e intelectual desse mesmo povo. O povo não é um agregado de santos, a maior parte está longe disso.
Sócrates pensava o seguinte: vamos imaginar que você esteja doente e precisa de um transplante, deixaria o cirurgião que fará a operação ser escolhido pelo povo? – Se for consciente, claro que não! Porquê? – Porque os que não são cirurgiões pertencem a maioria, e cairiam no discurso mais bonito de um candidato incompetente. Pessoas que não entendem de práticas cirúrgicas (como eu), iriam avaliar a simpatia, o carisma e os favores que recebeu dos candidatos e não a sua qualidade técnica, porque eles não podem avaliar algo que eles mesmos não possuem! Então, porque na política aceita-se aventureiros ignorantes e na medicina não?
Sócrates dizia que a “retórica é a arte de um ignorante passar por sábio no meio dos ignorantes”. Como assim? – Os sábios são 10% da população, ou talvez menos, e como todo voto vale “um”, 90% da massa de manobra é quem decide um representante a sua imagem e semelhança. Desde masturbadores políticos oficiais até outras bizarrices! Pois, o mesmo povo se identifica com a sujeira moral e parece sentir que faria o mesmo se tivesse chance.
Do lado da oferta (dos políticos), a sua preocupação é deixar a maioria de estômago cheio, dessa forma que se perpetua no poder. Ele não possui compromissos com a verdade ou com o desenvolvimento, mas com o seu eleitorado. Muitos são kamikazes encantadores de serpentes e sem competência técnica que oferecem como pastores de igreja alguns paliativos, esperanças, listas de desejos, mas nunca planos realistas e resultados verídicos. Pois, eles não precisam, e se oferecessem, perderiam logo a eleição.
Todavia, se nos EUA um caso do Presidente com a secretária conduz a uma tentativa de impeachment. Em países de moralidade “diferente”, o povo parece estar convencido que um político que tenha plano de saúde em Lisboa, ou filhos que estudam no exterior e outros que nem registrados são estão comprometidos com a qualidade de Saúde e da Educação do povo! O povo parece acreditar que um produtor de melancias que não come a própria melancia o faz por amor aos mais pobres?!
Caro leitor, olhe a sua volta, veja as pessoas que têm direito ao voto, veja aquilo que eles escrevem nas redes sociais, veja aonde estamos… realmente acredita que o sufrágio universal resolve algo aqui? Então, devemos criar uma ditadura? – o oposto não é verdade! Devemos reformar o sistema. Não podemos aceitar que a política seja palco de trampolim
para alguns fracassados técnicos e imorais. Errar é humano, perdoar não pode ser a política seletiva do País.