Num comunicado publicado na noite desta quarta feira (16/10) a Polícia Nacional de São Tomé e Príncipe avança que os protestos que tiveram lugar na capital do país, resultaram na morte de uma criança de 13 anos, treze policias ficaram feridos e também houve danos materiais nas casas e alguns veículos.
No seu comunicado a Polícia Nacional diz que “nos últimos dias constatámos uma onda de indignação, de revolta e de manifestação por parte de cidadãos são-tomenses derivado ao facto de um cidadão são-tomense [Pastor da Igreja Universal] encontrar-se detido na Costa de Marfim” mais de um mês alegadamente sobre a ordem da Igreja Universal naquele país.
Deste facto a Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe através de uma das suas comissões especializadas, inqueriu o Bispo da Igreja Universal em São Tomé e Príncipe e lançou um ultimato de 8 dias (prazo que terminou hoje 16/10) para que o Pastor são-tomense detido na Costa do Marfim fosse liberto e regressase à sua família em São Tomé e Príncipe.
Terminando o prazo e não tendo o Pastor regressado ao país, a Polícia Nacional diz no seu comunicado que por este facto “verificou-se diversas ameaças contra a Igreja Universal de Reino de Deus (IURD), onde a população garantia que brevemente iriam dar início à vandalização de todas as igrejas distritais da IURD, incluindo a igreja-sede, situada ao lado da Caritas – São Tomé.”
Segundo a P.N hoje “desde o início do dia, por volta das 06h30, começou a onda de destruição, saque e vandalismo contra os patrimónios da IURD”.
A P.N avança que “perto das 15h00, a onda dos manifestantes efectivamente chegou à sede da IURD, onde a Polícia Nacional já se encontrava no local, e a população começou a arremessar diversos tipos de objectos contra o edifício-sede e contra os elementos policiais que se encontram no local”, mas, a priori, a revolta não era direccionada à Polícia, mas, por força das nossas atribuições não podemos permitir que sejam depredados bens públicos ou privados, principalmente quando está em causa a ordem e a tranquilidade pública”.
O comunicado realça que a manifestação era ilegal pelo “ facto de não ter havido uma informação formal à Polícia Nacional por parte dos principais organizadores da revolta, de acordo à lei que legitima o direito à manifestação por parte dos cidadãos”.
A P.N refere que durante a ocorrência “houve a necessidade de usarmos os meios coercivos que tínhamos ao nosso dispor como forma de contenção e intimidação, com o objectivo de cessar a ameaça eminente de vandalismo contra a sede da IURD e contra a integridade física dos elementos policiais”.
“A Polícia Nacional procedeu ao arremesso de gás lacrimogéneo, algumas granadas de efeito moral e de luz e som, e alguns gases pimenta. Além disso, também procedeu-se a disparos efectivos para o ar, como meio intimidatório.”
Sem assumir responsabilidades sobre a morte a P.N “além de danos materiais nas casas e alguns veículos atingidos, constatámos que um menor de 13 anos foi atingido no rosto, tendo sido prontamente socorrido pela Polícia e levado ao Hospital Central, mas infelizmente o mesmo veio a falecer.”
Com a morte da criança “a Polícia Nacional decidiu recuar como forma de assegurar a integridade física dos nossos elementos, deixando desguarnecida a sede da IURD, tendo sido, em seguida, tomada em assalto pelos revoltosos, tendo praticado saques, depredação de todo o edifício-sede da IURD, tendo também atingido a sede das Caritas, inclusive atearam fogo a duas viaturas dos fiéis da IURD que ali se encontravam estacionadas.”
Entretanto a Polícia Nacional diz que lamenta a morte do menor e que vai aguardar “a autópsia para aferir quais foram os reais motivos que levou ao fatídico acontecimento”, garantindo que “será instaurado um inquérito no sentido de apurar-se a veracidade dos factos.”
No seu comunicado a Polícia Nacional avança que “accionou todos os mecanismos que tinha a seu dispor, nomeadamente as equipas do Grupo de Intervenção e Segurança, com os reforços de elementos de todos os Comandos Distritais e das Unidades Especiais, incluindo da Esquadra Policial de Aeroporto” mas ainda assim houve a necessidade de entrar “no teatro das operações uma equipa da Polícia Militar como forma de auxiliar a actuação policial na contenção e na reposição da ordem pública.”