A Deputada e antiga Primeira-ministra de São Tomé e Príncipe, Maria das Neves, disse este sábado, 25 de abril, num programa em direto na RSTP que “a família santomense está completamente posta em causa” e que no país existe “a paternidade irresponsável” e grande índice de poligamia que “não está oficializada”.
Maria das Neves no programa “Perguntas incómodas”, apresentado pela ativista santomense Solange Salvaterra Pinto, referiu que o facto de os homens terem muitas mulheres a não assumirem as responsabilidades para com os seus filhos tem causado graves consequências sociais como “muitos meninos de rua e meninos na rua” e ainda “mães que têm muitos filhos sem mínimas condições para garantir a assistência desses filhos“.
A ex-primeira ministra santomense considera que o país vive “numa época em que quase tudo se tornou descartável, impressível, onde há insegurança, onde a correria nos deixam cada vez mais vulneráveis emocional, física e psicologicamente“. Diante destas perdas de valores Maria das Neves considera que “a família santomense está em crise” tendo indicado como sinais “o número de divórcios que vem aumentando consideravelmente, a redução de número de filhos entre os casais, maior número de pessoas vivendo sozinhas“.
Maria das Neves insistiu por diversas vezes na questão da “paternidade irresponsável” referindo que existe uma “falta de autoridade de Estado” no que toca a responsabilização dos pais que muitas das vezes são levados a justiça, mas não o cumprem o compromissos de ajudar as mães no sutento das crianças. A deputada santomense defendeu ainda que “é necessário que a sociedade comece a encarar isso a sério porque a família não estando estruturada é a própria sociedade que sofre” realçando ainda o fenómeno “gravidez precoce que começa a ser um flagelo na nossa sociedade” com “muitas crianças parindo crianças e de forma irresponsável“.
Nesta edição do programa “Perguntas Incómodas” Maria das Neves partilhou o painel com a ativista e ex-presidente da Associação “Mén Non“[Associação das Mulheres Santomenses em Portugal], Maria Smith que considerou a “revisão das políticas de promoção de competências parentais” e a “criação de regras mais eficazes de responsabilidade parental relativamente a pensão alimentícia dos filhos pelo progenitor que não detém da custódia física do filho“.
São Tomé e Príncipe e o mundo enfrentam neste momento a pandemia da Covid-19. No país existem atualmente 4 casos positivos. As autoridades tomaram várias medidas, inclusive o recolher obrigatório a partir das 19 horas, uma medida que poderá trazer problemas no lar, sobretudo para os homens que têm várias mulheres. “Normalmente aqueles homens que só vão [para casa de outra mulher] lá para meia noite aqui há uma grande limitação para eles” apontou a ex-Primeira-Ministra.
Assista na íntegra o Programa Perguntas Incómodas de 25 de Abril de 2020.