São mais de 200 moradores, sendo a maioria descendentes de cabo-verdianos que vivem sem água potável, energia elétrica, estradas e escolas. Estão na comunidade agrícola de Santa Teresa, no Distrito de Lembá, a cerca de 10 quilómetros da cidade de Neves. “O que passamos aqui não é uma coisa humana. Isso é desumano”, revelou Igor Silva, um jovem morador desta comunidade.
A reportagem da rubrica “Lembá em Movimento”, visitou esta comunidade “esquecida” onde o cultivo do cacau é a principal atividade agrícola. “Por causa da distância nós carregamos banana na cabeça até chegar a cidade de Neves. Ultimamente nós passamos uma dificuldade muito elevada, nós carregamos cacau na cabeça até chegar em Neves”, conta Arlindo Santos Pereira um dos líderes da comunidade.
Nesta comunidade há ausência de instalações e serviços de saúde. A degradação da via de acesso à comunidade faz com que os profissionais da saúde recusem levar a ambulância para atender os casos de emergência mesmo o nascimento de crianças nesta comunidade. “Agente carrega mesmo a pé, não só quando uma mulher estiver a dar a luz, mas também quando acontece um acidente de trabalho. Ambulância não sobe por causa de via de acesso e agente leva mesmo nas costas” explica Arlindo Pereira.
O abandono escolar é cada vez mais frequente em Santa Teresa. As crianças percorrem cerca de 10 quilómetros a pé para encontrar a escola mais próxima, em Neves ou Obô Rosema. “Lá é muito distante. Todos os dias gente leva eles para escola depois temos que pensar na hora para ir buscar. Quando eu levo eles para escola outro dia eles falam que não querem ir mais porque ficam doentes e é muita massada” conta Guiomar Sacramento que decidiu retirar duas das suas crianças da escola.
Igor Silva, um dos jovens moradores da comunidade, considera que, dentre outras prioridades, “o que também faz falta nesta comunidade é uma canalização de água [potável]”. Segundo este jovem, “a água que temos nesta comunidade é uma água que sai direto do rio, passa nas mangueiras direto para o tanque” e é consumida assim, sem tratamento. Igor apela pela união dos jovens e moradores da comunidade para mudar a realidade em Santa Teresa porque, segundo ele “o que passamos aqui não é uma coisa humana. Isso é desumano”.