Hercília da Costa (1), Jorgina da Veiga (2), Milca dos Prazeres (3), Naidzilda Veloso (4) e Nilza Camblé (5). São estes os nomes das cinco mulheres que estão entre os 51 elementos que compõem a Comissão Eleitoral Nacional, Distritais e Regional. “São sinais repugnantes” considera analista.
O domínio masculino na condução das instituições eleitorais começou a ser expressa desde a tomada de posse dos membros da Comissão Eleitoral Nacional em 16 de fevereiro. O órgão é composto por 9 elementos e só há homens: dois eleitos pela Assembleia Nacional, 3 indicados pelo Governo e 4 indicados pelos partidos políticos com assento parlamentar.
A falta de representatividade de género patente na Comissão Eleitoral Nacional (CEN) estendeu-se às seis Comissões Eleitorais Distritais (CND) e à Comissão Eleitoral Regional (CER). Os sete órgãos, distritais e regional, que vão auxiliar a CEN na realização do processo eleitoral deste ano têm um total de 42 membros, mas apenas 5 são mulheres e só uma, no Distrito de Lobata, é presidente.
A indicação dos presidentes e secretários das Comissões Eleitorais Distritais e Regional foi feita pelos 9 membros da Comissão Eleitoral Nacional. Jorgina Vaz da Veiga é a única indicada para presidente e lidera a Comissão Eleitoral Distrital de Lobata, enquanto que Hercília da Costa é única no cargo de secretária, neste caso, da Comissão Eleitoral Distrital de Cantagalo.
Estas presenças femininas, embora poucas, mereceram destaque do Presidente da Comissão Eleitoral Nacional, Fernando Maquengo no empossamento da Presidente da CED de Lobata. “Enaltecer o facto desta Comissão Eleitoral Distrital de Lobata estar composta por duas senhoras. É um acto singular das posses que tenho conferido”, disse Fernando Maquengo referindo que “é uma coisa que nos ultrapassa”.
Cada partido político com assento parlamentar teve o direito de indicar sete elementos para as Comissões Eleitorais Distriais e Regional. Apenas dois indicaram mulheres como representantes, sendo que o PCD indicou duas mulheres, para Mé-Zochi e Lobata, o MLSTP/PSD indicou uma, para a Região Autónoma do Príncipe. O ADI e a União MDFM/UDD não indicaram qualquer mulher como sua representante em nenhum dos órgãos da Comissão Eleitoral.
A Comissão Eleitoral Distrital e Regional tem um total de 6 elementos cada. Água Grande, Lembá e Caué não têm qualquer presença feminina. Mé-zochi, Cantagalo e Região Autónoma do Príncipe têm apenas uma mulher em cada uma. A Comissão Eleitoral Distrital de Lobata é a única que tem duas mulheres, sendo uma delas a presidente.
Esta ausência de mulheres na equipa da CEN provocou alguma revolta nas redes sociais por parte dos são-tomenses residentes e na diáspora.
Ana Maria Costa ao comentar o assunto numa das edições do Programa Resenha da Semana da RSTP disse que estes sinais “são repugnantes”. Ana Maria Costa disse que “senti-me indignada com aquela lista” e questionou se “não há nenhuma são-tomense conhecedora da lei (com disponibilidade), parlamentar ou não, jurista ou advogada ou palaiê…de maneira a fazer parte daquela constituição?” Esta médica são-tomense residente em Portugal desabafou dizendo que “nós as mulheres estamos cansadas de sermos delegadas só para cama, só para cozinha e só para o fogão”.
Nos próximos dias serão conhecidos os membros e presidentes das Comissões Eleitorais da Diáspora. Haverá mulheres?